sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Toffoli e Barbosa trocam provocações durante julgamento sobre caso Azeredo

A retomada no Supremo Tribunal Federal do julgamento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por envolvimento com o mensalão mineiro foi marcada por troca de farpas entre o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, e o novo ministro, Dias Toffoli. Barbosa se mostrou irritado com as considerações lançadas por Toffoli sobre o processo e chegou a falar que o mais novo ministro do Supremo tem feito "comparações impertinentes" e que "parecia não ter lido os autos". Toffoli vem sinalizando que vai votar pelo arquivamento da denúncia. Em um determinado momento, quando lia o voto, Barbosa soltou: Eita! O novo ministro colocou em dúvida provas que foram apresentadas pelo Ministério Público, como um recibo de R$ 4,5 milhões assinado por Azeredo e que comprovaria o esquema ilegal, além de uma lista assinada pelo ex-tesoureiro do senador Cláudio Mourão. O documento assinado por Mourão foi entregue à Polícia Federal e à imprensa pelo lobista Nilton Monteiro, que também havia trabalhado na campanha de Azeredo. O papel, cuja autenticidade foi atestada por peritos do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília, diz que Azeredo recebeu R$ 4,5 milhões para "compromissos diversos (questões pessoais)" e também revela que a arrecadação da campanha teria atingido R$ 100 milhões. "Nessa lista, Cláudio Mourão já cita Azeredo como ex-governador. A lista foi feita quando Azeredo era senador e não mais governador. Nem se somadas as principais campanhas presidenciais daquele ano alcançaríamos os R$ 100 milhões. Essa soma de dinheiro não se enquadra na realidade do País daquela época. Essa lista é produto para outras finalidades. É isso que eu deduzo. Claudio Mourão procurava obter mais vantagem", disse ele. O relator não gostou das considerações. "Isso é claro. Esses fatos só vieram à tona em 2005, após a eclosão do mensalão", disse Joaquim Barbosa. Toffoli manteve seus questionamentos sobre as provas. "Para mim é indiferente se o recibo é verdadeiro e falso. Agora, não dou fé a essa lista. O simples fato de o denunciado supostamente ter assinado um recibo por intermédio de seu coordenador de campanha não é elemento suficiente para abrir ação", disse. Barbosa voltou a questionar a postura do colega. "Nessa fase não se julga nem se examina se é legitimo ou não. Vossa excelência parece que não me ouviu e não leu os atos", afirmou. Toffoli ignorou o colega e devolveu a provocação: "Eu ouvi o senhor por dois dias. Será que posso continuar meu voto?"

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