quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Maluf pede para Conselho do Ministério Público investigar procuradores do caso Perus

O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) pediu nesta terça-feira que os procuradores que entraram com uma ação civil pública contra ele e mais quatro pessoas por ocultação de cadáveres de desaparecidos políticos da ditadura nos cemitérios de Perus e Vila Formosa, em São Paulo sejam investigados pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Trata-se dos procuradores Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, Marlon Alberto Weichert, Jefferson Aparecido Dias e Adriana da Silva Fernandes. Para o deputado, eles agiram por motivação político-ideológica e por vaidade. "Evidentemente movidos por motivação de natureza político-ideológica e pela vaidade, em busca dos seus quinze segundos de glória, convocaram a imprensa para anunciar que eu teria pessoalmente colaborado, nos idos de 1969 a 1971, período em que exerci pela primeira vez o cargo de prefeito de São Paulo, para a prática reiterada de ocultação de cadáveres", diz Maluf na carta a Gurgel. No mês passado, os procuradores protocolaram duas ações na Justiça Federal pedindo a responsabilização de Maluf, do senador Romeu Tuma (PTB-SP), do ex-prefeito de São Paulo, Miguel Colasuonno (1973-1975), do ex-chefe do necrotério do IML (Instituto Médico Legal), Harry Shibata, e do ex-diretor do serviço funerário municipal, Fabio Barreto (1970-1974). Maluf foi prefeito de São Paulo de 1969 a 1971, no auge da ditadura militar. Já o atual senador Romeu Tuma foi chefe do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) entre 1966 e 1983, praticamente durante toda a ditadura militar. O DOPS foi um poderoso centro de tortura de presos políticos. No DOPS serviu o famigerado policial repressor Sérgio Paranhos Fleury, subalterno de Romeu Tuma. Na ação, a Procuradoria pede que os cinco sejam punidos com a perda das funções públicas ou das aposentadorias. Pede ainda que eles sejam condenados a pagar uma indenização de 10% do patrimônio pessoal para reparação de danos morais coletivos. De acordo com o Ministério Público, desaparecidos políticos foram sepultados nos cemitérios de Perus e Vila Formosa de forma totalmente ilegal e clandestina, com a participação do IML, do Dops e da prefeitura. Na carta a Gurgel, Maluf ressalta que as obras do cemitério de Perus foram licitadas pelo por seu antecessor, Brigadeiro Faria Lima. "É impossível que durante minha administração tenha sido feito sequer um único enterro, porque a obra apenas foi entregue na gestão do meu ilustre sucessor, José Carlos de Figueiredo Ferraz", diz ele. Na semana passada, a juíza Tânia Lika Takeuchi, da 4ª Vara Federal Cível de São Paulo, aceitou a denúncia e instaurou o processo.

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