domingo, 20 de dezembro de 2009

Mais da metade das gaúchas agredidas por companheiros se arrependem da queixa policial

Quase metade das gaúchas agredidas pelos companheiros se arrepende após registrar ocorrência policial. São mais de 16,7 mil casos de violência contra esposas ou companheiras registrados no Estado só neste ano, conforme estudo realizado pelo Ministério Público Estadual. De acordo com a delegada da Mulher, Tatiana Bastos, as mulheres são constrangidas e pressionadas a se calar na Justiça: "Ou ele está junto dela ainda e começa a pressionar, ou ele briga, ele ameaça, ele manda e-mails, ele perturba", disse a delegada. Apenas um terço delas comparece à polícia. E, destas, 10% voltam atrás e mudam a primeira versão do depoimento para livrar o companheiro, o que abre caminho para a impunidade. Segundo o promotor Fabiano Dallazen, menos de 1% dos agressores são condenados com base na Lei Maria da Penha: "Acaba fortalecendo no agressor aquele sentimento de que logo, logo as coisas se acomodam e ele passa a ser, de novo, pela imposição da força, o senhor da situação". As mulheres desconfiam porque seus maridos, companheiros, noivos ou namorados usam de toda possibilidade de pressão. Por exemplo, em uma segunda-feira, dia de audiência do processo de violência doméstica, o ex-marido aparece pela manhã na casa da ex-mulher, paramentado para uma sessão da Maçonaria (vestindo calça, gravata e casaco pretos, e gravata branca), e a ameaça, dizendo que obterá a interdição dela, conforme requereu, porque o juiz é maçom. Outra atitude: o ex-marido contrata um tio da ex-mulher para este aterrorizá-la dentro de casa com estórias de interdições de mulheres que perderam direito a tudo. O ex-marido também manda mais de seis mil torpedos em pouco mais de dois meses, infernizando a vida da ex-mulher. O ex-marido exige que a mulher desista de sua advogada. O ex-marido diz que é homem importante na politica, e que vai usar toda sua força contra a ex-mulher. É assim que acontece, e com requintes muito piores. Daria para escrever uma tragédia grega. E essas coisas acontecem bem ao seu redor. Sabe aquele casal "feliz" que acabou de construir aquela imensa mansão mais parecendo um tempo maçônico, dentro do condomínio horizontal, em zona valorizada da cidade? Pois é pura mentira, ilusão para os outros, a vida deles é um inferno. O homem influente bate na mulher, cospe no rosto dela, tenta esganá-la, e chama-a de todos os tipos possíveis de palavrões e adjetivos negativos. Isso acontece mesmo debaixo da Lei Maria da Penha. E tem muita promotora que só falta colocar os três pontinhos ao final da sua assinatura. Tem que mulher agredida que sofre quase um assédio para que retire a queixa. Ocorre que, quando o Ministério Público apresenta sua denúncia, aí a autoria do processo passa para o Estado. E então o ex-marido treme.

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