domingo, 27 de dezembro de 2009

Chacina de brasileiros no Suriname

Ao menos sete brasileiros morreram em consequência de um ataque de moradores locais em Albina, no norte do Suriname, na véspera do Natal, segundo o relato do padre brasileiro José Vergílio, que visitou o local. De acordo com o relato do missionário, um grupo de brasileiros foi atacado com machados e facões como represália pelo assassinato de um surinamês, supostamente esfaqueado por um brasileiro após uma briga. Segundo o padre, a briga começou durante uma festa na qual havia mais de mil pessoas reunidas. Os relatos iniciais informaram que um total de 81 brasileiros foram transportados de Albina para Paramaribo, incluindo 14 feridos nos ataques, 7 deles em estado grave. De acordo com informações do governo surinamês, ao menos 20 mulheres foram estupradas e mais de 120 pessoas tiveram que ser retiradas às pressas da cidade após os ataques contra trabalhadores estrangeiros, que também vitimou imigrantes de origem chinesa. Segundo o ministro para a Polícia Chandrikapersad Santokhi, os moradores começaram a atacar brasileiros cerca de uma hora após o esfaqueamento de um cidadão surinamês e a violência acabou também se voltando a lojas pertencentes a chineses. "Fujam que vai acontecer uma tragédia! Tranquem-se nos quartos!" Eram aproximadamente 22 horas da noite de Natal e Regiane Carneiro de Oliveira, de 26 anos, estava na lanchonete do alojamento de garimpeiros brasileiros às margens do rio Maroni, em Albina, no Suriname. Uma amiga sua entrou gritando que um brasileiro havia matado um "moreno" e os surinameses prometiam vingança. Não houve tempo para pensar em nada. Logo em seguida encostou um carro do qual saltaram seis homens armados com facões e machados que bradavam: "Vamos acabar com todos os brasileiros!". Regiane se salvou pulando no rio, e das águas escuras viu os surinameses atacarem quem não tinha sido suficientemente rápido. "Pareciam uns animais partindo pra cima do povo. Cena de guerra. Era pedrada, facada. Vi gente com o rosto todo cortado. Prenderam algumas pessoas em salas do hotelzinho, despejaram gasolina e atearam fogo", conta. Demorou duas horas para chegar ajuda. Fazia apenas três dias que ela se encontrava lá. Depois da passagem de ano, pretendia rumar para Saint Laurent du Maroni, na margem oposta, já Guiana Francesa, onde continuaria no garimpo, trabalho que abraçou há um ano, depois de partir de Boa Vista, Roraima. Um avião da FAB decolou às 7 horas deste domingo de Brasília rumo ao Suriname, levando a bordo dois funcionários do Ministério de Relações Exteriores para ajudar os brasileiros que foram vítimas de um ataque de um grupo de surinameses. O ministério disse não ter o número oficial de vítimas do ataque e mantém informação deste sábado de que 14 brasileiros ficaram feridos. O governo brasileiro, segundo o Itamaraty, aguarda a investigação realizada pela polícia do Suriname. O brasileiro Paulo da Silva, que testemunhou o ataque, disse que ao menos quatro pessoas teriam morrido na ação. Facões e machados foram utilizados no ataque contra os brasileiros, realizado durante a noite de Natal. Além disso, os surinameses estupraram mulheres no incidente, ocorrido em Albina, que fica a 150 quilômetros de Paramaribo. O incidente foi motivado por um crime supostamente cometido por um brasileiro, gerando uma reação dos "marrons", como são chamados os descendentes quilombolas no país, segundo o embaixador brasileiro no Suriname, José Luiz Machado e Costa. Albina, que tem cerca de 10 mil habitantes, tem um grande contingente de brasileiros que vão trabalhar com garimpo no outro lado da fronteira, o que é proibido pelas leis daquele território, que ainda pertence aos franceses. Além de atacar os brasileiros, o grupo invadiu um shopping center e outras lojas da cidade. Os moradores locais chegaram a incendiar algumas lojas e bombeiros de Saint Laurent du Maroni, na Guiana Francesa, ajudaram a extinguir as chamas.

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