quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pesquisa aponta que 37% dos assentados têm renda equivalente a um quarto do salário mínimo

Pesquisa sobre assentamentos rurais encomendada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) ao Ibope mostra que a maioria dos assentados (37%) tem renda familiar de um salário mínimo. Ainda de acordo com o levantamento, 35% têm renda entre um e dois salários mínimos e 26% tem renda de mais de dois salários mínimos. Segundo o Ibope, 1% dos assentados não respondeu à pesquisa. Para a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), esse é um dos dados mais alarmantes da pesquisa. "Talvez esse seja o dado mais crítico, cerca de 40% dos assentamentos pesquisados têm renda individual de um quarto de salário mínimo. Isso significa que temos 40% dos assentados vivendo em situação de extrema pobreza", afirmou ela. A senadora Katia Abreu chegou a essa conclusão baseada na constatação de que cada domicílio pesquisado pelo Ibope tem, em média, 4,3 pessoas. Ela disse ainda que esse dado mostra que a posse da terra não gera automaticamente renda. É necessário, assinalou, investimentos em tecnologia e assistência técnica na hora da comercialização do produto para realmente gerar renda para o agricultor. A presidente da CNA também destacou outra constatação da pesquisa: a maioria dos assentados (75%) não tem acesso ao programa de crédito rural do governo. Kátia Abreu disse que entre os motivos podem estar a falta de documentação da propriedade, falta de comprovação da produção como garantia para financiamento e a inadimplência. A pesquisa também informa que 39% dos assentados são os primeiros beneficiários do programa de reforma agrária e 46% compraram a terra de outra pessoa. Segundo Kátia, isso mostra que há possibilidade de venda irregular de terra, porque pela lei da reforma agrária a terra só pode ser vendida depois de 10 anos e se for um assentamento consolidado, ou seja, com toda a infraestrutura necessária. A pesquisa mostra ainda que a maioria das propriedades rurais tem entre 5 e 20 hectares (53%) e as propriedades que têm mais de 50 hectares representam 15%, sendo que a média é de 29 hectares. Já a área destinada a produção é, em média, de 18,3 hectares. A pesquisa também informa que 63% dos assentados produzem na própria terra, mas 37% não produzem nada na sua propriedade. Dos que produzem, 27,7% produzem o suficiente para família e o restante da produção é comercializada; 24,6% produzem apenas o suficiente para alimentar a família e 10,7% não conseguem ter uma produção satisfatória para alimentar a família. Outros dados destacados pela presidente são o alto índice de analfabetismo e o trabalho infantil. De acordo com a pesquisa, 21% são analfabetos, sendo que a média brasileira é de 9%.

Um comentário:

Elaine Gomes disse...

Todos estes dados demonstram com transparência cristalina que a reforma agrária de nada adiantou na sua premissa básica que é incluir socialmente e mais potencializa o reconhecimento da urgência em se parar a desestabilização no campo gerada por estas invasões ( que são totalmente políticas) do MST e de todas as outras siglas similares.