terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nova lei eleitoral abre brecha para doação de sindicato

A nova lei eleitoral, em vigor desde a semana passada, criou uma brecha que permite a sindicatos doarem para campanhas por meio de cooperativas que, na prática, controlam. Um parágrafo acrescentado ao artigo 24 da lei eleitoral (9.504/97) autorizou que cooperativas repassem dinheiro a candidatos, desde que não sejam concessionárias de serviços públicos nem recebam recursos de governos. Entre as cooperativas que cumprem esses critérios estão algumas ligadas a grandes sindicatos, hoje proibidos de doar. O dos metalúrgicos do ABC, com relações históricas com Lula e o PT, tem duas: uma de crédito e outra habitacional. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores), e ao deputado federal petista Ricardo Berzoini (presidente do partido), instituiu a Bancoop, cooperativa habitacional, em 1996. O atual presidente da Bancoop, o petista, João Vaccari Neto, deve ser o tesoureiro do partido no ano eleitoral de 2010. Do lado da Força Sindical, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo criou a Metalcred, uma cooperativa de crédito. Em sindicatos patronais, as cooperativas são mais raras. Na prática, a ligação entre sindicatos, partido e cooperativas é total. Elas surgem por iniciativa dos sindicatos. Muitas funcionam no mesmo prédio e têm dirigentes sindicais entre os cooperados. Da cooperativa dos metalúrgicos do ABC, a CredABC, fazem parte o presidente do sindicato, Sergio Nobre, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, e o próprio Lula. A emenda permitindo a doação surgiu por articulação da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), que representa o setor. No Congresso, seu porta-voz foi o deputado federal Dr. Ubiali (PSB-SP). Segundo ele, seu objetivo não era liberar doações de entidades ligadas a sindicatos. Ele tinha em mente as Unimeds, cooperativas de médicos. "Não é justo que grandes empresas privadas do setor de saúde possam doar para seus representantes e as Unimeds não possam", afirmou Ubiali. É ´”compreensível” essa vontade de doar das Unimeds.

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