quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Antipsicótico faz criança engordar oito quilos em apenas 12 semanas

Crianças e adolescentes estão ficando obesos ou com sobrepeso em razão do uso de antipsicóticos. O alerta surge de dois estudos, um deles financiado pelo Instituto de Saúde Mental dos Estados Unidos. Esses estudos apontam ganho de peso de até 8,5 quilos com 12 semanas de tratamento. Os chamados antipsicóticos atípicos (drogas que modificam a atividade das células nervosas) são indicados para tratar vários transtornos psiquiátricos, entre eles, a esquizofrenia, o autismo e o transtorno bipolar, com ou sem hiperatividade. Um dos trabalhos, publicado no jornal da Associação Médica Americana, revela que, além do ganho de peso provocado pelos medicamentos, as crianças também apresentam aumento das taxas de colesterol, triglicérides e insulina no sangue, principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares no futuro. Foram estudados 205 pacientes com idades entre quatro e 19 anos, tratados com quatro antipsicóticos (os princípios ativos são olanzapina, quetiapina, risperidona ou aripiprazol) durante 12 semanas. Após 10,8 semanas de tratamento, as drogas tinham levado a ganhos de peso entre 4,4 kg e 8,5 kg. No grupo de controle (que não recebeu os medicamentos), o aumento de peso foi insignificativo, segundo o estudo, de menos de 200 gramas. "Cada um dos antipsicóticos avaliados esteve associado a um significante aumento de gordura e da circunferência abdominal nas crianças. No geral, de 10% a 36% dos pacientes estavam com sobrepeso em 11 semanas", escreveram os autores do estudo, que foi tema de editorial no jornal. Segundo a pediatra Isabela Giuliano, professora da Universidade Federal da Santa Catarina e especialista em cardiologia infantil, os antipsicóticos também têm provocado quadros de hipertensão infantil. Ela conta ter atendido um garoto de nove anos cuja pressão arterial estava elevada, em 15 x 9 (o normal para a idade é uma pressão de 11 x 7). A criança usa antipsicótico em razão do diagnóstico de hiperatividade e déficit de atenção severo. Agora, o menino passou a precisar também de anti-hipertensivo.

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