quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Grandes investidores questionam papel das agências de classificação de risco

Autoridades responsáveis por alguns dos maiores investidores de títulos de dívida do mundo estudam reduzir o papel das agências de avaliação de risco de crédito no mercado, em resposta às avaliações falhas de complexos papéis ligados a empréstimos imobiliários. Firmas de avaliação como a Standard & Poor's e a Moody's Investors Service enfrentam novas críticas de autoridades estaduais de seguro nos Estados Unidos, que estudam abandonar as avaliações delas, usadas para mensurar a saúde das carteiras das seguradoras que contêm títulos garantidos por empréstimos imobiliários. As firmas a princípio deram notas altas a esses títulos, mas quando o valor dos imóveis começou a cair em 2007 se descobriu que eles eram bem menos estáveis do que em 2007. A possível mudança é um desafio notável a um sistema de avaliação que há muito se fundiu aos mercados. As seguradoras estão entre os usuários mais importantes dessas avaliações e, juntas, contam com mais de US$ 3 trilhões desses instrumentos em suas carteiras. As mudanças ainda estão no estágio preliminar, mas podem chacoalhar a maneira como as autoridades estaduais dos Estados Unidos avaliam a qualidade dos investimentos que garantem as apólices das seguradoras. Atualmente elas usam as maiores firmas de avaliação, que por sua vez são reconhecidas pela SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. As autoridades do setor de seguros dizem que estudam substituir a análise das firmas maiores por outras empresas financeiras com experiência em analisar esses títulos. Os efeitos de uma mudança como essa podem se espalhar para o resto do mundo dos investidores de renda fixa, diante do papel desmedido das seguradoras no mercado desses títulos. "Precisamos apenas reconsiderar a dependência de um sistema que permite esse tipo de choque", com rebaixamentos rápidos e severos, "e reavaliar francamente se há outras alternativas", disse ao Wall Street Journal o superintendente do Departamento de Seguros de Nova York, Hampton Finer. A Associação Nacional de Comissários de Seguro, que congrega as autoridades estaduais desse segmento nos Estados Unidos, devem realizar na próxima semana audiências sobre a questão. O desafio por parte das autoridades de seguros reflete as críticas insistentes às agências de avaliação de risco desde que a crise de crédito começou, em 2007. As firmas têm sido criticadas como lentas demais ou com conflitos de interesses demais para reconhecer os riscos de bilhões de títulos que consideraram relativamente seguros. Este mês as agências foram derrotadas num processo civil, quando um tribunal norte-americano rejeitou o argumento de algumas delas de que as avaliações eram protegidas pela Constituição norte-americana, que garante a liberdade de expressão. A Moody's, a maior empresa de capital aberto voltada a essas avaliações, também perdeu parte do investimento de um de seus maiores acionistas, a holding Berkshire Hathway Inc., de Warren Buffett, que vendeu uma porção de sua fatia. E já se propuseram várias leis no Congresso norte-americano que podem prejudicar ainda mais o duradouro monopólio dessas empresas sobre as avaliações de crédito. As seguradoras têm muita a perder conforme o resultado desse debate. As seguradoras de vida têm muitos títulos garantidos por hipotecas, que representam em média cerca de 10% da carteira delas, segundo a A.M. Best Co.

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