terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nixon e Médici fizeram acertos para a derrubada de Allende no Chile

O pesquisador norte-americano Peter Kornbluh, do NSA, ao publicar novos memorandos da CIA, afirma que deve haver arquivos similares no Chile e no Brasil. “A história completa da intervenção norte-americana na América Latina não pode ser contada sem acesso aos demais arquivos”, assegurou ele. Documentos desclassificados da CIA, publicados na segunda-feira nos Estados Unidos, revelam que o ex-presidente Richard Nixon conspirou junto com o ditador brasileiro Emilio Garratazu Médici, para derrubar o presidente chileno Salvador Allende. O pesquisador Peter Kornbluh, encarregado pelo Nacional Security Archive (Arquivo de Segurança Nacional), disse que o "Chile poderia solicitar formalmente ao presidente Lula que abra os arquivos militares do Brasil para clarear o que aconteceu”. O que ele revelou agora se trata de três memorandos, produzidos em 1971, que contém registros de conversas pessoais entre Nixon e Garrastazú Médici, mantida na Casa Branca, nas quais discutiram o papel que cabia ao Brasil na derrubado do presidente chileno. Durante um dos diálogos, Nixon perguntou ao ditador brasileiro se o Exército do Chile tinha a capacidade para derrubar Allende. Médici respondeu que "acreditava que sim", e deixou claro que o Brasil estava trabalhando para que isso fosse verdadeiro. Durante o encontro, que aconteceu no escritório Oval, Nixo aprovou a intervenção do Brasil no Chile. "Nixon assinalou que era muito importante que Brasil e Estados Unidos trabalhassem juntos nesse campo. Não podíamos tomar uma direção, mas se os brasileiros sentiam que havia algo que pudéssemos fazer para ajudar nesse sentido, a ele (Nixon) lhe agradaria que o Presidente Garrastazú Médici o avisasse. Si era necessário dinhieor, ou qualquer outro tipo de ajuda discreta, poderíamos colocá-la à disposição. Isto se manteria sob total discrição”, assinalava o documento. Na referida conversa, Nixon disse ao ditador Emilio Garrastazú Médici que Estados Unidos e Brasil deviam "evitar que houvesse novos Allende e novos Castro” na América Latina e, ao mesmo tempo, tratar de "reverter esta tendência" onde fosse possível. Nixon disse também ao ditador brasileiro que "esperava que pudessem colaborar estreitamente uma vez que havia muitas coisas que o Brasil, como país sulamericano, podia fazer e que os Estados Unidos não podiam", anota o texto da CIA. A documentação revela que Nixon acreditava que uma relação especial com o Brasil era muito importante, a tal ponto que propôs a Garrastazú Médici que ambos estabelecessem um canal direto e secreto de comunicação "para que pudessem conversar fora dos meios diplomáticos". O ditador brasileiro nomeou seu ministro de Relações, Gibson Barbosa, como seu representante no referido canal, mas disse a Nixon que, caso tivesse que tratar de “matérias particularmente privadas e delicadas, o Brasil usaria o coronel Manso Netto. De sua parte, Nixon nomeou Kissinger como seu representante. Baseado em fontes brasileiras, outro memorando da CIA assinala que Garrastazú Médici propôs ao presidente norte-americano que trabalhassem juntos para se contrapor à "expansão esquerdista marxista" e Nixon prometeu assistência norte-americana "onde e quando fosse possível". O memorando reporta também que o miolo das conversações secretas gerou preocupação nos estamentos militares do Brasil. Alguns generais pensavam que a responsabilidade por tais operações recairia nas forças armadas brasileiras. O documento cita o general brasileiro Vicente Dale Coutinho assinalando que "Estados Unidos obviamente querem que o Brasil faça o trabalho sujo" na América do Sul.

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