domingo, 9 de agosto de 2009

Ex-secretária da Receita Federal denuncia que Dilma Rousseff tentou interferir em investigação em empresas dos Sarneys

A ex-secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira diz que, em um encontro a sós no final do ano passado, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pediu a ela que a investigação realizada pelo órgão nas empresas da família Sarney fosse concluída rapidamente. Diz Lina Maria Vieira: ““Falamos sobre amenidades e, então, ela me perguntou se eu podia agilizar a fiscalização do filho do Sarney”. A ex-secretária disse que entendeu como um recado “para encerrar” a investigação, o que se recusou a fazer: “Fui embora e não dei retorno. Acho que eles não queriam problema com o Sarney”. Segundo Lina Maria Vieira, o pedido de Dilma Rousseff ocorreu cerca de dois meses após o fisco ter recebido ordem judicial para devassar as empresas da família Sarney. Auditores da Receita dizem que uma fiscalização como essa pode levar anos. Encerrá-la abruptamente seria o mesmo que “aliviar” para os alvos da investigação. Além do sigilo fiscal, inerente a todas as ações da Receita, a auditoria sobre o clã Sarney estava sob segredo de Justiça. No final do ano, o Palácio do Planalto cuidava das articulações para a eleição à Presidência do Senado. Sarney enfrenta hoje uma série de acusações de quebra de decoro por ter usado a máquina do Congresso em favor de parentes e aliados. Continua no cargo com o apoio de Lula. Lina Vieira afirmou que procurou o ministro Guido Mantega, da Fazenda, para dizer que não aceitava a forma como Aloizio Mercadante havia falado com ela sobre a Petrobras. Ela também conversou com o senador Aloizio Mercadante (PT-SP): “No final de abril, fomos a uma reunião no Senado. Os senadores queriam entender por que a arrecadação vinha caindo. Mostramos que se devia à queda industrial e a algo que não acontecia, que eram muitas compensações tributárias. O senador Tasso Jereissati perguntou por que o repasse da Cide para os Estados estava tão pequeno. Um assessor meu disse: ‘Houve compensações na Cide de R$ 4 bilhões e não sei quanto”. Ela relata que o senador Tasso Jereissati perguntou: “De quem, foi a Petrobras?” Ela respondeu: “Eu disse que não podíamos falar o nome do contribuinte. Dias depois, o presidente da Petrobras foi lá e abriu, falou. Nós não falamos nada”.

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