quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Deputado Luiz Fernando Zachia critica procuradores

Um dos alvos do Ministério Público Federal na ação civil pública de improbidade administrativa, o deputado estadual Luiz Fernando Záchia (PMDB) usou a tribuna da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, nesta terça-feira, para se defender e atacar os procuradores da República. Ele questiona a interpretação dada pelos procuradores a escutas telefônicas em que ele conversa com Antônio Dorneu Maciel, ex-secretário-geral do PP, réu na ação penal da Operação Rodin. Segundo Záchia, o diálogo entre os dois se refere a negociações políticas da época em que ele chefiava a Casa Civil do governo Yeda Crusius: “Das mais de 20 mil horas de gravações, eu apareço em três minutos e 13 segundos. São diálogos que mostram as negociações com o principal interlocutor entre o PP e o governo do Estado”. Zachia criticou a postura do Ministério Público Federal, que concedeu entrevista sobre a ação em 5 de agosto. O resultado, diz ele, é uma “condenação pública”. Záchia também refutou reportagem publicada no domingo por Zero Hora que relatou o conteúdo das escutas contra os nove réus da ação: “Fiz o contraditório aqui em 15 minutos. Demoraram um ano e meio para fazer a investigação. Daqui a pouco, minha vida vai para o saco e não terei como recuperá-la”. No caso de Záchia, uma coisa intriga. O partido dele é presidido pelo senador Pedro Simon. Quando era líder do governo Itamar Franco, Pedro Simon pedia o instantâneo afastamento de qualquer autoridade, em qualquer nível, enquanto se desenvolviam as investigações. Agora, Simon mantém o maior silêncio a respeito da situação de Záchia, que não é um deputado qualquer. Ele é líder da bancada do PMDB, e será um dos investigados na CPI do PT. Além disso, é presidente do PMDB em Porto Alegre. Pedro Simon se tornou transigente? Aliás, a bancada do PMDB na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul terá em breve três de seus nove deputados investigados pela CPI do PT: entrarão no rol os deputados Alceu Moreira e Marco Alba, investigados na Operação Solidária, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Talvez por isso o PMDB acabou indicando para compor a CPI do PT os deputados Sandro Boka e Gilberto Capoani. Boka é um suplente. Quando Marco Alba for denunciado, terá de deixar o secretariado no governo Yeda Crusius, e reassumirá sua cadeira na Assembléia Legislativa. Então Sandro Boka precisará sair da CPI. Além disso, o PMDB anunciou que colocou na suplência da CPI do PT os deputados Alberto Oliveira e Alceu Moreira. Ora, se Alceu Moreira está envolvido na Operação Solidária, como poderá fazer parte da CPI que o investigará? Quanto ao deputado estadual Luiz Fernando Zachia ainda há uma outra poderosa denúncia. O lobista Lair Ferst, réu na ação penal da Operação Rodin, que apurou fraude de mais de 44 milhões de reais no Detran gaúcho (onde Zachia havia colocado seu braço direito Hermínio Bittencourt como diretor financeiro, durante o governo Germano Rigotto, e diretor administrativo no governo Yeda Crusius), afirmou que Zachia recebia um mesadão de 100 mil reais da empresa Engebras, que cuida de pardais no Rio Grande do Sul. Na mesma denúncia, o lobista Lair Ferst ainda envolveu outro deputado estadual do PMDB, Alexandre Posta, que, segundo ele, receberia mesadão de 150 mil da mesma empresa Engebras. Postal foi secretário de Transportes no governo Rigotto. De “guri” muito pobre, quando chegou a Porto Alegre, junto com seu irmão gêmeo, Postal conseguiu se tornar uma pessoa de vida bastante folgada, e que sabe apreciar um bom fim de semana em mansão na praia. Assim, quase metade da bancada do PMDB está em vias de enfrentar grandes dificuldades na CPI do PT. E o senador Pedro Simon, presidente do partido no Estado, nada diz a respeito. Simon preside o mesmo partido ao qual pertenceu o ex-deputado estadual Cesar Busatto, o qual precisou sair do governo Yeda porque foi revelada gravação de conversa dele com o vice-governador Paulo Feijó (DEM), na qual dizia que os partidos se financiavam com órgãos públicos. Atualmente, Cesar Busatto (que era do PPS), voltou ao gosto dos peemedebistas, tanto que é secretário municipal na prefeitura de Santa Maria, comandada por Cesar Schirmer, ex-presidente do PMDB no Rio Grande do Sul.

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