quarta-feira, 1 de julho de 2009

Soros diz que China sairá como grande vencedora na crise

O multimilionário investidor George Soros disse nesta terça-feira que o temor da inflação elevará as taxas de juros e prejudicará o crescimento, após a economia ter se recuperado de uma crise da qual China será a grande beneficiada. "O medo de que a inflação dispare forçará o Federal Reserve a aumentar os juros, o que reprimirá o crescimento e levará à estagflação (combinação de estancamento econômico e altos preços)", disse Soros, em um fórum organizado em Nova York pelo diário "The Wall Street Journal" e a escola de negócios Iese. No entanto, essa opção é "a melhor", pois "a alternativa seria uma deflação, que só pioraria o arrasador peso de nossa dívida", afirmou Soros, convencido de que a economia crescerá "a tropeções", alternando avanços e paradas. "Embora o pior da recessão já tenha passado, tantos anos de excessos requerem um tempo para se recuperar", afirmou o investidor, sem se atrever a indicar o quanto se dilatará esse processo, já que, acrescentou com humor, "minha teoria é que o futuro é imprevisível". Para Soros, a situação econômica atual é "um copo que pode ser visto meio cheio e meio vazio, por isso, não é o momento de ter uma firme convicção de nada" ao investir. O grande erro que se cometeu com a bolha financeira foi, segundo ele, crer que os mercados poderiam regular sozinhos a situação. "As bolhas não podem ser prevenidas, mas é possível controlar seu crescimento", segundo Soros, e para isso defendeu um papel mais ativo dos reguladores, tentando sempre que estes mantenham sua independência das forças políticas. O investidor lembrou que, "nos velhos tempos, o banco central enviava cartas às entidades dizendo que não se investisse mais no mercado imobiliário, porque estava muito inflado, ou recomendações desse estilo. Isso é o que se precisa agora". "Não se pode esperar dos partícipes que resistam a uma bolha, o previsível é que se incorporem a ela, portanto, é necessária uma força externa, a regulação, que contrabalance essa atração", explicou. Nesse sentido, deu como exemplo a China e seu "capitalismo de Estado", que permitiu que seu sistema financeiro tenha ficado "praticamente intacto" com a crise internacional. "Vejo a China como grande beneficiada da queda do sistema financeiro internacional", já que "não temem a nacionalização dos bancos, porque já estão naturalizados", e "estimulam suas exportações financiando as mesmas", ao mesmo tempo em que "suspeito que estão diversificando suas reservas em moeda estrangeiras e apostando em matérias-primas".

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