sexta-feira, 10 de julho de 2009

Poço seco pode levar governo a rever planos para o pré-sal

A descoberta do pré-sal da bacia de Santos sofreu um revés nesta semana com o anúncio do consórcio liderado pela Exxon de um poço seco, o primeiro onde não foi encontrado óleo na nova e ainda promissora província petrolífera. Para especialistas, a notícia serviu para dar um "choque de realidade" tanto no governo como na Petrobras e levará certamente a um redesenho das propostas em análise para o novo marco regulatório do setor, que estava prestes a ser anunciado. "O furo seco mostrou que o risco do pré-sal não é zero, como apregoava o governo, que vendeu a idéia com estardalhaço de que as reservas serviriam para suprir todo o mundo de petróleo e quitar a dívida social do País. Agora, vimos que o pré-sal não é um bilhete premiado, mas também não é uma porcaria", diz Adriano Pires, da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura). Até o insucesso de Guarani (área perfurada pela Exxon), o pré-sal era disparadamente a mais promissora região exploratória do mundo. É que havia sido encontrado óleo em todos os poços perfurados até então. Na própria área de concessão de Guarani, o bloco BMS-22, o consórcio (que conta ainda com Amerada Hess, 40%, e Petrobras, 20%) obteve sucesso e descobriu a reserva de Azulão. Para David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP, o "anormal" era a taxa de sucesso de 100% do pré-sal, e não o poço seco, algo comum. O geólogo Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coppe-UFRJ, diz que o índice na bacia de Santos é de 20%. Ou seja, em 80% dos poços não é achado petróleo em volumes comerciais. "Furar e não dar nada é a vida do setor, que é um cassino, no qual o crupiê é a natureza. O pré-sal era algo espantoso, mas se viu que nem tanto como se pensava. Mas ainda é uma reserva muito importante, muito promissora", diz Zylbersztajn.

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