terça-feira, 23 de junho de 2009

Sarney diz que não vai acobertar ninguém, mas se recusa a “limpar lixeira” do Senado

Depois de ouvir por mais de duas horas discursos de senadores cobrando uma "limpeza" no Senado, o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira que não vai acobertar ninguém. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu que Sarney se licencie do cargo até a apuração das denúncias de irregularidades contra a administração do Senado. "Eu quero dizer à Casa que fique tranquila, que ninguém vai acobertar ninguém e vamos punir, em quatro meses. Já abrimos inquérito, colocamos na Justiça para julgar os culpados, já abrimos sindicância para apurar os fatos. A comissão tem sete dias e estamos caminhando nessa direção", disse ele. No entanto, Sarney se nega a "limpar a lixeira da cozinha" do Senado. "Eu julguei que, quando fui eleito presidente, era para presidir politicamente a Casa e não para ficar submetido a procurar a dispensa ou limpar o lixo das cozinhas da Casa", afirmou Sarney. Vários senadores pediram hoje a Sarney a demissão do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, que perdeu o cargo depois da descoberta de que omitiu a propriedade de uma mansão de R$ 5 milhões. Sarney foi padrinho de casamento da filha de Agaciel Maia há poucos dias, quando a atual fase da crise da Casa já estava deflagrada. Sarney admitiu que nomeou Agaciel Maia há 14 anos, mais disse que fez isso depois de receber um abaixo assinado de "quase todos os senadores" favoráveis ao servidor. "Fui presidente somente por dois anos, depois fui sucedido por vários outros presidentes que o mantiveram. E agora estou na presidência há quatro meses, e nesses quatro meses eu levantei o problema da reforma administrativa da Casa", afirmou ele. Agaciel é responsável pela assinatura de parte dos atos secretos editados na instituição ao longo dos últimos 14 anos, ao lado do atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) pediu a demissão dos ex-diretores do Senado Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi. "O senhor Agaciel tem que perecer como homem público. Tem que perecer! Não é caso de inventarmos nada que signifique panos quentes em relação a ele. O caso dele e do senhor Zoghbi é caso de demissão a bem do serviço público, por se tratar de figuras que não respeitaram a Casa que os abrigou como funcionários e lhes deu todas a oportunidade de fazerem uma carreira", disse ele em discurso na tribuna do Senado. Ele cobrou de Sarney rompimento com os dois ex-diretores, a quem chamou de "criminosos." O presidente do Senado foi padrinho de casamento da filha de Agaciel. "A época dos panos quentes acabou. Eu torço para que Vossa Excelência seja capaz de dar as respostas que o Senado precisa. Vossa Excelência precisa romper qualquer laço com essa camarilha. Se disser que não tem condições de romper, não terá condições que continuar à frente desta Casa", afirmou. Sarney afirmou que tem feito um trabalho duro para mudar a estrutura do Senado. Sarney disse que ficou surpreso ao ser informado da publicação de atos secretos na Casa, sem ter conhecimento do seu teor: "Ninguém mais do que eu teve surpresa quando soube que esses atos foram publicados”. Sarney também negou que a Casa tenha pago salário ao mordomo da filha, a governadora Roseana Sarney (PMDB-MA). "Todos os senadores são alvo de insultos, calúnias", afirmou Sarney. O mordomo da casa de Roseana Sarney em Brasília recebe salário de R$ 12 mil do Senado Federal. Ele se chama Amaury de Jesus Machado e tem o apelido de “Secreta”, de secretário.

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