sábado, 30 de maio de 2009

Guido Mantega admite “erro” de R$ 4,8 bilhões de gasto público

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu na quinta-feira erros no Siafi, o sistema eletrônico de acompanhamento dos gastos da União. Os erros se referem a um pagamento de R$ 16,5 bilhões feito em janeiro pela Previdência a aposentados e pensionistas. Desse valor, R$ 11,7 bilhões só foram registrados no mês de fevereiro. Os R$ 4,8 bilhões restantes desapareceram contabilmente. Constam na rubrica "restos a pagar", como se nunca tivessem sido quitados, embora já tenham sido depositados há quatro meses. A admissão desse erro foi feita pelo ministro durante sessão da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal. “Houve uma falha aqui", disse o ministro Mantega em resposta a um questionamento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Para Mantega, houve dois problemas diferentes. Primeiro, relacionado a diversas ordens bancárias feitas pela Previdência em janeiro, no valor de R$ 11,7 bilhões. "Por falha na rotina contábil, tais ordens não deixaram o saldo registrado na conta de restos a pagar", afirmou ele. A baixa desse pagamento só ocorreu em fevereiro, como se tivesse havido um atraso. Segundo problema: o pagamento restante, de R$ 4,8 bilhões, simplesmente desapareceu da contabilidade oficial. O Siafi informa que ele nunca foi feito. Mas os aposentados receberam seus pagamentos. "Do ponto de vista contábil, esse pagamento deve ter sido lançado em alguma outra conta. Falta fazer a baixa contábil desse valor, o que será feito agora em maio”, adiantou ele. Ora, quando a confiabilidade do sistema eletrônico do governo federal fica assim exposta, como os brasileiros irão crer que não anda desaparecendo mais dinheiro? Senadores da oposição não gostaram da posição condescendente do ministro Guido Mantega. "É preciso fazer uma reformulação séria nesse sistema", disse o senador Jereissati. "Fico extremamente preocupado em saber que os números do Siafi não são confiáveis. Se os dados da Previdência estiverem errados, o que mais estará errado?" Para o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), o mais preocupante foi descobrir que, entre 2008 e 2009, a Previdência registrou o valor dos dois pagamentos envolvidos no erro, em um total de R$ 16,5 bilhões, sob a rubrica orçamentária "restos a pagar". Por meio desse mecanismo, governos conseguem transferir dívidas, especialmente com obras, de um ano para outro. "Quando eu vi restos a pagar, números altos, de R$ 16,5 bilhões, pensei logo no ministro Andreazza, na ponte Rio-Niterói. Só que com a Previdência? Não pagaram aos velhinhos? Os velhinhos, parece, foram pagos. O problema é saber onde foram parar esses R$ 5 bilhões", disse Arthur Virgílio.

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