sexta-feira, 29 de maio de 2009

Fernando Henrique Cardoso defende descriminalização das drogas

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, a descriminalização das drogas como forma de reverter o fracasso da guerra contra entorpecentes em todo o mundo. Ele esteve em Londres na última quinta-feira para participar de um evento da Comissão Latino-Americana para Drogas e Democracia, co-presidida por ele e por outros líderes latino-americanos, como ex-presidente da Colômbia, César Gaviria Trujillo. A comissão foi criada em 1998 para levar uma visão latino-americana às discussões da ONU sobre a luta contra as drogas. O ex-presidente afirmou que é chegada a hora para uma "mudança de paradigma" no debate sobre as drogas. "A guerra contra as drogas é baseada na corrupção. Como as pessoas podem acreditar na democracia se a regra da lei não funciona? Os usuários deveriam ter acesso a tratamento e não à prisão", disse Fernando Henrique. Ainda segundo o ex-presidente, o ponto de partida para a mudança na abordagem do problema das drogas está nos Estados Unidos. "Agora temos uma nova administração, que é muito mais aberta do que antes. E o clima está mudando pela primeira vez em muitos anos. Até nos Estados Unidos se reconhece que há um impasse. Obama já deixou claro que a idéia da guerra contra drogas não funciona", disse Fernando Henrique Cardoso. Na opinião dele, a guerra contra drogas "fracassou" apesar dos enormes esforços em alguns lugares, como a Colômbia. "As áreas de plantio de coca não estão diminuindo", disse ele. O ex-presidente ainda destacou o sucesso do Brasil em reduzir os casos de HIV/Aids, obtido, entre outros fatores, graças à promoção do uso do preservativos. "Isto é um exemplo de como o comportamento das pessoas pode ser alterado pela educação em vez de repressão", afirmou. Fernando Henrique Cardoso é um intelectual e homem público brilhante, algumas políticas públicas implantadas em seus dois governos são modelos hoje para todo mundo, mas às vezes erra rotundamente. Compactuar com as drogas, descriminalizar as drogas, significa enfraquecer a democracia ao último limite. A Colômbia é um exemplo.

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