segunda-feira, 20 de abril de 2009

Receita Videversus – A chef de cuisine ensina pratos que relembram Minas Gerais

As receitas que trago hoje são vaca atolada e bambá de couve. No passado, não havia plantações em Minas Gerais. Era tudo somente um grande campo de exploração, mas como o Estado estava crescendo, começavam a escassear os alimentos. Assim, o povo aprendeu com os índios a utilizar o milho, as batatas, as mandiocas e as folhas que ali se encontravam. Esta época áurea teve um final com a alta cobrança de impostos, que serviam de punição para o controle da exploração e acabou resultando na Inconfidência Mineira, em 1789. Hoje vamos lembrar a Inconfidência, preparando uma refeição que bem poderia ter sido a última do herói Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, sentenciado pelo terrível crime de lesa-majestade, crime este comparado à lepra pelas Ordenações Alfonsinas, compêndio de leis portuguesas aplicadas à colônia. Dizia a poetisa Cecília Meirelles, no “Romanceiro da Inconfidência”:
Talvez chore na masmorra.
Que chorar não é fraqueza.
Talvez se lembre dos sócios
dessa malograda empresa.
Por eles, principalmente,
suspirará de tristeza.
A conspiração pretendia eliminar a dominação portuguesa em Minas Gerais e estabelecer ali um país livre. Os inconfidentes sonhavam em transformar Minas em uma República, embalados pelas idéias iluministas francesas e pela recente independência norte-americana. Tiradentes, o mais pobre dos revolucionários, representava as camadas médias da população, e foi um dos grandes agitadores do movimento inconfidente. Como ele defendia até mesmo o fim da escravatura, para ele não houve perdão: além de ser enforcado e de ter os pedaços de seu corpo espalhados pelo caminho até Vila Rica, sua casa foi demolida e o terreno salgado para que nada ali nascesse. Seus descendentes foram declarados infames até a terceira geração. Embora houvesse vários descontentes, entre eles os poetas Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, apenas Tiradentes perdeu a vida. Enquanto a pena dos companheiros foi convertida para o degredo em colônias portuguesas na África, Dona Maria I, a Louca, mãe de D. João VI, condenou Tiradentes à morte. Com a sua morte, Portugal queria mostrar uma punição exemplar para desencorajar qualquer revolta contra o regime colonial. Mas como, felizmente, este tipo de coisa não acontece mais no Brasil, passemos às receitas de hoje:
Bamba de Couve
- 2 paios (ou 200g de linguiça) cortados em rodelas
- 1 molho de couve
- 1 litro de caldo de carne (pode ser um tablete dissolvido em um litro de água)
- 1 xícara de fubá (farinha de milho fina)
- Meia cebola picada
- Molho de pimenta
Frite o paio em um mínimo de óleo e deixe dourar. Reserve. Rasgue a couve sem os talos do meio em pedacinhos. Reserve. Numa panela misture o caldo, a couve, a cebola, o fubá e a pimenta e só depois leve ao fogo, mexendo até que a couve cozinhe (leva de oito a dez minutos). Revise o sal. Sirva num prato com as rodelas de paio por cima.
Vaca atolada
- 1 quilo de carne bovina cortada em pedaços (eu sugiro patinho, coxão mole ou vazio)
- 1 quilo de aipim (mandioca) cru cortado em rodelas finas
- 1 cebola grande picada
- 4 dentes de alho picados
- Sal e pimenta
- Óleo para fritar a carne
Aqueça uma panela, coloque óleo e frite a carne. Junte a cebola e o alho e refogue, deixando dourar. Coloque água aos poucos, até a carne estar cozida e macia. Acrescente o aipim (mandioca), coloque molho de pimenta, sal e vá juntando água aos poucos, até que a carne e o aipim estejam macios. Para esclarecer dúvidas, pedir receitas, contar histórias ou me contratar para organizar o seu evento, o e-mail é simonenejar@hotmail.com Uma ótima semana e um bom feriado amanhã!

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