domingo, 15 de fevereiro de 2009

Usinas de tratamento de lixo urbano prometem gerar 10 mil empregos diretos

O governo do Rio Grande do Sul e a empresa Mundo Limpo Soluções Ambientais Ltda, sobre a qual não existe qualquer informação pública disponível, firmaram na última quinta-feira (12 de fevereiro de 2009) um “protocolo de intenções” para a instalação de dez usinas de compactação e tratamento de lixo urbano no Estado. O material de divulgação expedido após a solenidade de assinatura do “protocolo de intenções” diz que devem ser gerados cerca de mirabolantes “10 mil empregos diretos” em investimentos que somam outros “mirabolantes” R$ 300 milhões. A primeira usina, diz o material, será instalada no município de Parobé, gerando cerca de 300 empregos diretos, com investimento total de R$ 30 milhões, com previsão de início de funcionamento já para junho de 2009. Em Parobé, justamente no município que centraliza a atuação de uma máfia do lixo que corrompeu dezenas de licitações de lixo de municípios gaúchos?!!!! O ato foi assinado no Centro Administrativo Fernando Ferrari, do governo do Esotado, e contou com as presenças e assinaturas do secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, deputado estadual Marcio Biolchi (PMDB); os secretários de Infraestrutura e Logística, Daniel Andrade, e do Meio Ambiente, Francisco Simões Pires, além da presidente da Caixa RS, Susana Kakuta. Pela empresa Mundo Limpo Soluções Ambientais assinou seu proprietário, Roberto de Carvalho. Quem ele é? Ninguém sabe. Uma procura na Internet a respeito de seu nome resulta infrutífera. O único Roberto de Carvalho conhecido é o marido da roqueira Rita Lee. Este Roberto de Carvalho se apresenta como o “inventor da roda” na área do lixo e seu tratamento. Disse ele, na solenidade no Centro Administrativo do Estado do Rio Grande do Sul: “Com tecnologia totalmente nacional, o processamento feito pela Mundo Limpo recicla em até 80% o lixo urbano arrecadado. Logo após, o excedente residual, matéria orgânica, produz um gás combustível, que é utilizado para gerar energia elétrica. A primeira usina da empresa, em Parobé, terá potência de até 5 megawatts. A técnica é resultado de 12 anos de pesquisa, que dá destino final à totalidade dos resíduos sólidos domiciliares. Depois de tratados, os resíduos também podem servir de matéria-prima para confecção de tijolos ou para queima aplicada em fornos, substituindo a lenha e evitando desmatamento”. O secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Márcio Biolchi, disse que a assinatura do protocolo surpreende pela inovação: "Estamos semeando expectativas. Ainda há um longo caminho a percorrer e, se houver êxito, poderá entrar para a história de sucessos do nosso Estado". De acordo com o presidente da Mundo Limpo, Roberto de Carvalho, o empreendimento também é uma ferramenta para que seja preservado o Aquífero Guarani, o segundo maior do planeta. Quando acumulado, o lixo sanitário entra em decomposição e produz uma substância poluente chamada chorume, que pode vir a contaminar mananciais de águas e aquíferos. As afirmações não podem ser mais superficiais. De onde a empresa tirará o lixo para as atividades da sua usina? Quanto cobrará dos municípios para receber o lixo? Vai entrar nas licitações? Quanto vai compensar aos municípios, pela produção da energia e dos créditos de carbono derivados do lixo? Como dizia Caetano Veloso, esse papo está muito estranho.

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