sábado, 3 de janeiro de 2009

Jornalista e filósofo Luis Milman critica as abordagens sobre Israel

Diz o jornalista e filósofo Luis Milman, professor da pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sobre a atual situação do Oriente Médio e as atitudes da mídia mundial em relação a Israel: “Poucos (e não me refiro apenas ao Brasil) possuem o necessário discernimento para compreender o que ocorre hoje no Oriente Médio. O pensamento medíocre de nossos jornalistas, sociólogos, historiadores e palpiteiros fabula uma mítica vitimização dos palestinos e julga, a partir de falsas premissas, que Israel é o país mais forte da região. Erro crasso. É precisamente o contrário. Israel é o único, por ser o mais vulnerável dentre todos os países do Planeta, que não pode perder uma guerra. Por quê? Ora, porque a derrota, para Israel, é o mesmo que a extinção. Não é preciso fazer uma incursão histórica ou sociológica muito profunda para que se chegue a esta conclusão. Basta olhar o Mapa Mundi e enxergar. Qual é o tamanho daquele país? 20 mil quilometros quadrados! Onde ele está? Espremido entre o Mediterrâneo e a Cisjordânia (sua fronteira oriental), o Líbano e a Síria (sua fronteira setentrional), Gaza e o Egito (sua fronteira sul). Entre Tel Aviv e Ramalah, a distância é de 60 quilômetros (quase a mesma distância existente entre Porto Alegre e Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul). Entre Jerusalém e Belém, é de 3 quilometros! Que outro país do mundo pode se dizer viável, do ponto de vista de sua segurança (e esta é a questão existencial de Israel ao longo de todas as guerras que lutou no século XX) com um território destes? E com uma população de apenas 6 milhões de pessoas (incluindo 1 milhão de árabes que se dizem palestinos)! Além do mais, todas as suas fronteiras são hostis. E Israel é que é forte? Bem, outro ponto. Quando Hitler estava em seu bunker em Berlim, quando a Alemanha já estava devastada e derrotada, quando os russos já estavam na Polônia e os aliados na fronteira sul da Alemanha, a máquina genocida nazista continuava, em ritmo mais do que acelerado, a matar judeus (milhares por dias) em vários campos de extermínio. Por quê? Quem pode responder? Quando a ONU anunciou, em 1948, a partilha em dois estados - um árabe e outro judeu - no que restara da antiga (antiga nos tempos modernos, sob o mandato dos ingleses) Palestina (a maior parte, a Transjordânia, havia sido entregue ao rei hashemita Abdalah, pela Inglaterra, em 1922), por quê cinco países árabes, além dos árabes da Cisjordânia, não aceitaram a partilha e invadiram o recém criado Estado de Israel? Por quê? Por que Israel, depois de vencer a Guerra de 1973 contra o Egito, a Síria, a Jordânia e o Líbano, com a apoio de todo mundo árabe, devolveu toda a Península do Sinai, que ele conquistara na Guerra de 1967, (assim novamente estreitando sua profundidade estratégica), em troca apenas de um tratado de paz com o Egito? Que outro país do mundo faria isto? Que outro país do mundo devolve território conquistado depois de uma guerra defensiva? Por que, em 1990, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque de Sadam Hussein pela primeira vez, o então tirano iraquiano lançou dezenas e dezenas de mísses de longo alcance, os scuds, contra Israel? Por que, depois de 7 anos decorridos da assinatura dos acordos de Oslo em Camp David (em 1993), ou seja, já em 2000, Arafat - o líder de uma organização que até 1992 era totalmente terrorista - não aceitou a oferta oficial de Ehud Barak, então primeiro-ministro israelense, em troca tão somente de paz, oferta que consistia no seguinte: (a) a criação de um estado palestino (que jamais existiu antes na História) em 98% da Cisjordânia e 100% da Faixa de Gaza; (b) a entrega de 55% da cidade de Jerusalém para os palestinos instalarem sua capital; (c) a admissão de retorno de milhares de refugiados palestinos para Israel e uma indenização financeira para aqueles que não poderiam retornar e, (d) o desmantelamento de todas colônias judaicas na Cisjordânia. Por que Arafat não aceitou? Por que, desde a assinatura dos acordos de Oslo, o Fatah (que em teoria passou a aceitar a existência de Israel), o Hamas, a Jihad Islâmica, e outra dezena de pequenos grupos terroristas, mataram mais de mil civis israelenses em Israel, em toda sorte de atentados alucinados? Por que Israel deixou totalmente a Faixa de Gaza em 2005, de forma unilateral? Por que o Hamas, depois da retirada total israelense de Gaza, transformou aquele pedaço de terra numa frente de batalha contínua contra Israel, treinando e equipando um pequeno exército de 20 mil homens, preparando homens, mulheres e jovens-bomba e fixando bases de lançamento de mísseis de pequeno alcançe para atingir Israel, justamente nos centros urbanos densamente povoados e nas fazendas judaicas desocupadas no norte da faixa de Gaza? Por que, finalmente, o Mundo Ocidental sempre se calou diante disto tudo e agora, mais uma vez, em voz uníssona (menos os Estados Unidos e a Austrália) condenam uma operação que visa liquidar o Hamas de uma vez por todas e com isso impedir que o Irã, que subsidia financeiramente e fornece armamento para aqueles terroristas assassinos, se instale a 30 quilômetros do maior porto de Israel, Ashdod? Por que o Mundo Ocidental não condena, com veemência, os aiatolás iranianos e seu manda-chuva Ajmadinejad, o presidente daquele país de delirantes anti-semitas, quando este afirma, todos os dias, que o Holocausto não existiu e que a decisiva, maior e definitiva meta do Irã e do Islam é destruir Israel e os yahud (os judeus)? Por que o Mundo Ocidental observa complacentemente estes mesmos tarados construírem usinas nucleares para fabricarem bombas atômicas? Por que o presidente francês Nicolas Sarkozi se dá o trabalho de afirmar que a reação de Israel aos ataques dos terroristas do Hamas é "desproporcional"? Está falando a França de Vichy que enviava judeus aos campos de extermínio? E a Alemanha, que ousou condenar a ofensiva israelense contra o Hamas? A Alemanha!!!! Ou a Rússia de Putin (ela também pediu o fim imediato da operação de Israel), que promove, quando lhe dá na telha, massacres indiscriminados de civis em "sua área de influência", arrancando apenas um módico "Oh!, que feio" do Mundo Ocidental? E o Conselho de Segurança da ONU, que já se reuniu a pedido da Líbia, aquele exemplo de democracia e respeito aos direitos humanos, para comunicar que exige o fim da violência de ambas as partes no conflito? Mas como? Que partes? O Hamas é membro da ONU? Quando mandava seus assassinos ou remete seus foguetes contra Israel, não há "partes para serem chamadas"? Ou o Conselho de Segurança pediu à China para que parasse com o recente massacre no Tibet? Claro que não! Afinal, Um protesto da "Comunidade Internacional" poderia atrapalhar aquela majestosa Olimpíada. Como, de resto, foram também majestosas as Olimpíadas de 1936, promovidas pela Alemanha Nazista, e a de 1980, pelos soviéticos. A Comunidade Internacional não gosta de comprometer competições esportivas com questões menores! Mas, enfim, por que Israel? Fica a pergunta!

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