domingo, 21 de dezembro de 2008

Morre Mark Felt, o informante secreto chamado "Garganta Profunda" do caso Watergate

Mark Felt, de 95 anos, ex-subdiretor do FBI, morreu na última quinta-feira. Ele entrou para a história dos Estados Unidos com o pseudônimo de "Garganta Profunda", tendo sido um dos principais responsáveis pela queda do ex-presidente Richard Nixon no escândalo de "Watergate". Sua morte, em um centro de saúde nas proximidades de sua casa, em Santa Rosa, na Califórnia, foi confirmada por sua filha, Joan Felt, e por seu neto, Nick Jones Foi o jornal The Washington Post que publicou, em 1972 e 1973, as informações que o “Garganta Profunda” (informante secreto) passava ao então repórter novato Bob Woodward, que, ao lado de seu colega Carl Bernstein, investigava o escândalo de escutas em escritórios em Washington do Partido Democrata durante a campanha eleitoral de 1972. Com as informações de Mark Felt, as matérias sobre o caso no Washington Post forçaram a renúncia de Richard Nixon, em 1974, em um fato sem precedentes no país. A importância do "Garganta Profunda" no escândalo de Watergate foi conhecida quando Woodward e Bernstein lançaram, em 1974, o livro “Todos os Homens do Presidente”, transformado em filme em 1976. A identidade de Mark Felt era conhecida apenas por Woodward, que tinha prometido não revelar o segredo até sua morte. No entanto, o próprio Felt, a pedido de sua filha Joan, se identificou como "Garganta Profunda" em 2005, em um longo artigo publicado pela revista Vanity Fair. O jornalista Bob Woodward, do The Washington Post, contou em junho de 2005 no jornal como era sua relação com Mark Felt, o “Garganta Profunda”, no caso Watergate. Diz ele: “Felt disse que precisávamos de um sistema de comunicação — uma mudança no ambiente que ninguém percebesse ou visse nela algum sentido. Se eu costumava deixar as cortinas do meu apartamento fechadas, abri-las seria a senha para o nosso encontro. ‘Eu posso checá-las diariamente. Quando elas estiverem abertas, podemos nos encontrar na mesma noite em um local determinado’, declarou Felt.Como eu costumava mantê-las abertas normalmente, pensamos em outro sinal. Ele nunca me explicou como monitorava diariamente meu apartamento. Lembrei que tinha uma pequena bandeira vermelha fincada em um vaso na sacada de casa. Era um presente de uma namorada. Felt sugeriu, e eu concordei, que, quando quisesse encontrá-lo, deveria mover o vaso com a bandeira da parte da frente da sacada, onde costumava ficar, para a de trás. Também me alertou que não abusasse do sinal, apenas o usasse quando fosse realmente necessário. O gesto significaria que nos encontraríamos na madrugada seguinte, às 2 horas, em uma garagem subterrânea na Key Bridge, em Rosslyn”. Conforme Bob Woodward, “Felt também estabeleceu algumas regras para o meu deslocamento até o local do encontro”: “Não use o seu carro. Pegue um táxi até perto de um hotel onde haja ponto de táxi depois da meia-noite. Desça, caminhe um pouco, então pegue outro táxi até Rosslyn. Não desça muito próximo à garagem. Caminhe as últimas quadras. Se estiver sendo seguido, não apareça. Eu entenderei”. E tina mais: "Se Felt tivesse algo para mim, combinamos que ele desenharia um relógio com o horário do encontro na página 20 do exemplar do The New York Times que eu recebia diariamente em casa, como assinante. Como ele fazia isso, nunca descobri”. Com informações de Mark Felt, os repórteres publicaram que a Casa Branca mantinha um sistema de escutas para espionar integrantes do Partido Democrata, que fazia oposição a Nixon. O caso ficou conhecido como Watergate, que era o nome de um complexo imobiliário em Washington onde o Partido Democrata mantinha o seu comitê de campanha presidencial.

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