segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Uma terceira sessão do Supremo decidirá o futuro do torturador uruguaio Manuel Cordero

A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a extradição do coronel Manuel Cordero teve na última quinta-feira uma grande reviravolta, quando o vice-presidente Cézar Peluso se manifestou pela extradição, a ministra Cármen Lúcia mudou seu voto anterior e foi acompanhada por outros dois ministros, enquanto o ministro Eros Grau pedia vistas ao processo. O coronel torturador Manuel Cordero tinha conseguido uma vantagem no seu julgamento de 4 votos a 1, na sessão de 11 de setembro, quando começou o julgamento de sua extradição. Agora a votação está em 5 a 2, contra ele. Se houver um empate, o ministro presidente, Gilmar Mendes, dará o voto do desempate. Assim, a possibilidade de que este infame torturador, seqüestrador de presos, ladrão de bebês, seja extraditado, para enfrentar julgamento na Argentina e no Uruguai, aumentou bastante. O fato que começou a mudar a posição dos membros do Supremo Tribunal Federal brasileiro foi o caso do seqüestro do nenê uruguaio Simón Riquelo, que permaneceu como desaparecido entre 1976 e 2002. Ele é filho da uruguaia Sara Menzes, que foi presa em Buenos Aires e levado para o infame local de torturas conhecido como Automotores Orletti. Nesse local atuavam forças repressoras estrangeiras, especialmente uruguaios, comandados pelo infame Manuel Cordero. Tão logo nasceu Simon Riquelo, ele foi retirado de sua mãe, e entregue para a adoção de argentino. Sara Mendez foi recambiada ilegalmente, seqüestrada, para o Uruguai, pelo coronel Manuel Cordero. Como Simon Riquelo reapareceu, foi localizado por sua mãe e pelas organizações de direitos humanos mais de duas décadas depois de seu nascimento e seu roubo, os ministros do Supremo Tribunal Federal estão concluindo que não se trata de crimes de homicídio atribuídos ao coronel Manuel Cordero, e que estariam prescritos, e dizem agora que não se pode presumir mortas todas as vítimas da repressão desaparecidas. Essa foi a posição defendida pelo ministro Cesar Peluso, que provocou uma imediata mudança de percepção do caso pelos outros ministros, com a conseqüente mudança de votos. Os ministros Joaquim Barbosa e Carlos Ayres Britto concordaram que o roubo de bebês constitui um crime continuado de seqüestro que só cessou, em 2002, no caso de Simon Requelo, quando ele recuperou sua identidade. Faltam ser conhecidas as posições da ministra Ellen Gracie e do ministro Celso de Mello. Mais de duas mil pessoas em todo mundo aderiram em cinco dias à campanha pela extradição do infame coronel Manuel Cordeiro. A campanha foi lançada pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre e pela Secretaria Regional da União Internacional de Trabalhadores da Alimentação (UITA), comandada por Jair Krischke, conselheiro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos e seu fundador.