sábado, 15 de novembro de 2008

Novo relatório da Polícia Federal diz que Daniel Dantas lavou dinheiro com gado

O novo relatório da Polícia Federal sobre o banqueiro Daniel Dantas é bem diferente da estapafúrdia e rocambolesca peça ideológica montada pelo delegado fundamentalista Queiroz. O delegado federal Ricardo Saadi, seu substituto, concentra-se em descrever os crimes principais que a Polícia Federal atribui ao banqueiro: gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O relatório de 243 páginas e cinco anexos foi entregue gravado em CD no dia 7 ao juiz federal Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, e está agora com o Ministério Público Federal. Neste novo relatório ganha relevância uma atividade paralela de Daniel Danatas: a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, empresa que em três anos se tornou proprietária de um dos maiores rebanhos do mundo, com cerca 500 mil cabeças, segundo Daniel Dantas, ou 1 milhão, conforme estimativas do mercado. A agropecuária é apontada como peça central na lavagem de dinheiro que a Polícia Federal atribui a Daniel Dantas. Segundo a investigação, Daniel Dantas chegou a reunir cerca de US$ 800 milhões em um fundo de investimento nas Ilhas Cayman. Parte do lucro obtido nessa operação teria retornado ao Brasil e sido aplicado em gado. Os documentos apreendidos pela Polícia Federal no dia em que a Operação Satiagraha foi deflagrada, em 8 de julho, são citados “en passant”. O advogado Nélio Machado, que defende Daniel Dantas, diz que as acusações da Polícia Federal contra seu cliente padecem de um mal de origem. A abertura de discos rígidos apreendidos no banco em outubro de 2004 é ilegal, segundo ele, porque havia um veto judicial: "Essa operação é uma coleção de ilegalidades”. Os discos foram apreendidos no âmbito da Operação Chacal, que investigava a suspeita de que Daniel Dantas havia mandado grampear empresários com quem tinha disputa societária. Ele afirma que a suspeita de gestão fraudulenta "dificilmente" pode ser aplicada a um banco de sucesso como o Opportunity. Esse tipo de crime ocorre, na sua interpretação, quando um banco vai à falência: "Acusar de gestão fraudulenta foi uma precipitação do delegado Protógenes ao ser pressionado pelo presidente Lula para concluir o inquérito".