segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Cientista político diz que PMDB é “camaleônico”, sem ideologia, e troca apoio por cargos

O PMDB saiu fortalecido das urnas com a conquista do maior número de prefeituras no País, mas nas regiões metropolitanas e nas capitais não garantiu hegemonia e por irá dividir o seu poderio com o PT e o PSDB, diz o cientista político Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "É um partido vencedor, porém é um partido vencedor muito dividido, que sequer tem candidato à Presidência da República", afirmou ele. A fragmentação do PMDB, partido que chamou de "camaleônico", é mais uma forma de sobrevivência, segundo ele, do que um projeto político: "Se tornou um partido extremamente pragmático. O PMDB não tem mais ideologia. Não tem cara, se de um PMDB mais conservador, um PMDB menos conservador ou um PMDB mais progressista. Faz aliança com todos. Estava com o Fernando Henrique, depois está com o PT, pode estar novamente com o PT ou novamente com o PSDB". Segundo Hilton Fernandes, cientista político da Escola de Sociologia Política de São Paulo, a regionalização do PMDB é o jogo de poder do próprio partido que assim consegue trabalhar com lideranças diversas no País e se sustentar. "O mesmo acontece com os cargos de segundo escalão. É mais fácil trabalhar com forças regionais do que, por exemplo com o Ministério da Educação, que tem que trabalhar com o Brasil inteiro", disse, referindo-se aos ministérios que estão sob o comando do PMDB. Atualmente, a sigla é a que tem mais pastas, depois do PT. São seis: Integração, Minas e Energia, Agricultura, Defesa, Saúde e Comunicação. Fonseca continua: "O PMDB diz o seguinte, temos tantos votos no Parlamento que representa, em termos de fidelidade, a tantas propostas do governo. E portanto lhe dá o direito de exigir tantos ministérios". O PMDB é o partido com a maior bancada parlamentar. Sem uma figura do partido de projeção nacional, capaz de garantir votos à Presidência da República, tanto Fonseca quanto Fernandes, concordam com afirmação de que o PMDB é a grande "noiva" em 2010 e será cortejado por PT e PSDB para compor uma aliança.