terça-feira, 21 de outubro de 2008

Tribunal de Justiça gaúcho suspende por 60 dias funcionária que denuncia nepotismo na Corte

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em uma atitude insólita, suspendeu nesta segunda-feira a funcionária Simone Janson Nejar, por 60 dias, preventivamente, ao mesmo tempo em que determinou a abertura de um processo administrativo com vistas a demití-la, suspendê-la (o que já fez, antes de qualquer julgamento) ou repreendê-la. A abertura do inquérito foi determinada na última sexta-feira, pela Portaria nº 02/2008-2ª VP, assinada pelo desembargador Jorge Luis Dall’Agnol, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Ele determinou a abertura do processo administrativo com base em denúncia apresentada pela arapongagem do Tribunal. A denúncia é assinada pelo araponga Ivan Carlos Campos Ribeiro, sub-chefe da “Equipe de Segurança” do Tribunal de Justiça. A denúncia é um escândalo. Ocorre que este “araponga” fajuto, porque nem é araponga de carreira, é um dos denunciados anteriormente pela funcionária Simone Janson Nejar como um dos mais notórios casos de nepotismo que ocorrem no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Ele é marido de Adriana Barcelos da Silva, que trabalha secretariando na Presidência do Tribunal de Justiça. Ele é CC (cargo em comissão, cargo em confiança), e sua manutenção no cargo contraria a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, que trata do nepotismo. A funcionária Simone Janson Nejar foi citada hoje, mas a direção do Tribunal de Justiça se recusou a lhe dar uma cópia integral do processo em que está sendo acusada de.... ter opinião, além de exigir o cumprimento da Súmula Vinculante nº 13. Mais do isso, a totalidade da denúncia é baseada nas notas postada pela funcionário Simone Janson Nejar em um blog, no endereço http://grupo30.canalblog.com. A denúncia é uma fantástica lição de puxa-saquismo, em que um CC (cargo de confiança) sai em defesa dos seus empregadores. Parece que o araponga não tem mais nada a fazer do que ficar monitorando o blog da funcionária. Entre as acusações que ele formula a ela está o notável apontamento de que Simone Jansen Nejar causa “constrangimento” aos arapongas do Tribunal de Justiça porque fica no balcão da portaria falando sobre o nepotismo na Corte. A denúncia, sem dúvida, é daquelas para entrar para a história do Judiciário brasileiro.