segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sadia reconhece que pode ter primeiro prejuízo em 64 anos

Pela primeira vez em seus 64 anos de história, a Sadia deverá fechar o ano com prejuízo. "Há uma possibilidade de prejuízo. De repente, se não der para ganhar porque afundamos R$ 760 milhões (valor referente a perdas anunciadas no fim do mês passado em razão de operações financeiras com câmbio), pelo menos poderemos empatar”, diz Luiz Antonio Furlan, presidente do Conselho de Administração. Segundo Furlan, a auditoria em andamento irá responder se houve "conivência ou indução a essa falha por parte dos bancos internacionais". "Estamos tomando todas as providências no sentido de preservar o interesse dos acionistas e dos funcionários, que foram prejudicados", diz ele. Incluem-se nas iniciativas negociações com os bancos estrangeiros, além de medidas judiciais cabíveis, que poderão ser impetradas caso não se chegue a um acordo, tão logo o levantamento da consultoria KPMG seja concluído. A Sadia pretende apresentar o relatório na próxima assembléia de acionistas, prevista para o dia 3 de novembro. O fundo de previdência Previ, um dos maiores investidores da Sadia, pediu esclarecimentos à empresa depois do prejuízo. Furlan, que esteve com o presidente Lula na sexta-feira passada, afirmou ter lembrado a ele que a afirmação de que empresas exportadoras, como a Sadia, estariam especulando contra o real "foi infeliz". "Os bancos internacionais que colocaram 200 empresas brasileiras numa situação de aperto especularam contra o real", disse Furlan. A Sadia deverá postergar os investimentos em novas fábricas, previstos para o próximo ano. "Vamos ter de reestudar investimentos, e não somos só nós. Falei com uma dúzia de presidentes de empresas e todos estão olhando para a frente de uma forma mais cautelosa”, disse ele. No país, as fábricas cujos investimentos poderão ser postergados são um abatedouro de frangos em Campo Verde (MT) e um de suínos em Mafra (SC).