quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Presidente da Procergs pede demissão

O empresário Ronei Ferrigolo pediu demissão da presidência da Procergs (Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul) nesta terça-feira, após solenidade presidida pelo secretário-substituto da Secretaria da Fazenda do Estado, e presidente do Conselho de Administração da companhia, o bancário Ricardo Englert, que se empenhou em prestigiar o empresário Ferrigolo. O empresário foi acusado em matéria da revista Veja de receber complementação salarial da Federasul, um mesadão de 15 mil reais. Ele também foi denunciado de ser beneficiário de contrato da Procergs com empresa de sua propriedade. Estas denúncias foram analisadas pelo Procurador de Estado Paulo Rogério Silva dos Santos, o qual emitiu um parecer que só merece a classificação de ridículo. Disse o procurador de Estado Paulo Rogério Silva dos Santos que não houve irregularidade no contrato de Ferrigolo com a Federasul, porque o empresário Ferrigolo não exercia "cargo público", e sim uma "função pública", apesar do empresário Ferrigolo ser ordenador de despesas da companhia. É inacreditável, mas é compreensível. Ocorre que o procurador de Estado Paulo Rogério Silva dos Santos é um subordinado do secretário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Junior, e seu substituto, o bancário Ricardo Englert. Ele era auditor de carreira da Secretaria da Fazenda. Fez concurso para Procurador de Estado e passou em um dos últimos lugares. Ao ser nomeado, arranjou para permanecer no gabinete da Secretaria da Fazenda, como Procurador de Estado adido, uma figura inventada na Procuradoria Geral do Estado. Assim, ele é subordinado do bancário Ricardo Englert e não poderia dar um parecer contrário ao seu superior hierárquico, é óbvio, ainda mais quando esse superior hierárquico é presidente do Conselho de Administração da Procergs. Tem mais: o bancário Ricardo Englert tem parentes na direção da Federasul. Pior ainda: o bancário Ricardo Englert avalizou a contratação de consultoria externa pela Procergs. Uma consultoria inútil. Quem foi contratada para essa consultoria foi a Ong Brisa. Essa ONG é dirigida por Sólon Lemos Pinto, ex-presidente da Procergs nos governos Pedro Simon e Antonio Britto (ambos do PMDB). O gerente do contrato da Ong Brisa com a Procergs é primo irmão do bancário Ricardo Englert. Trata-se de Vitor Englert, que trabalhou também na Procergs no tempo de Sólon Lemos Pinto. Este mesmo Vitor Englert, primo-irmão do bancário Ricardo Englert, é beneficiário direto de contrato da ong Brisa com a Corsan. A fatura mensal dessa consultoria inútil, que se perpetuou durante anos na Corsan, era de 380 mil reais. O contrato integral levou pelo ralo da Corsan mais de 15 milhões de reais, em trabalho inútil, só de fachada, durante a gestão de outro membro do grupo, o ex-presidente da Corsan, Vitor Bertini. É por isso que o empresário Ronei Ferrigolo se perpetuou por tanto tempo na presidência da Procergs, apesar dos desgastes que promoveu para a administração da governadora Yeda Crusius. Ela poderá agora tirar os melhores resultados da companhia, porque a Procergs é indispensável para um governo moderno. Falta lembrar mais uma coisa: não é por acaso que o bancário Ricardo Englert negou acesso ao jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, a documentos pedidos por meio de requerimento, com base na Lei Federal nº 9051 (Lei das Certidões). O jornalista Vitor Vieira ganhou Mandado de Segurança no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul para ganhar cópia dos documentos pedidos, entre eles cópias das consultorias da Brisa. Advinhem de quem era o parecer contrário à entrega dos documentos ao jornalista Vitor Vieira? Dele mesmo, o Procurador de Estado Paulo Rogério Silva dos Santos, subordinado do bancário Ricardo Englert. Deu para perceber? Agora a palavra está com a Procuradora Geral do Estado do Rio Grande do Sul, Eliana Graeff Martins, que deverá recusar ou referendar o parecer do subordinado Procurador de Estado Paulo Rogério Silva dos Santos. O mínimo que ela deveria fazer era remover esse Procurador de Estado da Secretaria da Fazenda, onde está causando enorme prejuízo para a sociedade gaúcha. O empresário Ronei Ferrigolo sai da presidência da Procergs mas não deixa de ser investigado, o que ocorre no Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul.