sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Lula diz que bancos são culpados por diminuir oferta de crédito no Brasil

O presidente Lula voltou a criticar, nesta quinta-feira, os bancos nacionais que não têm mantido a oferta de crédito em níveis normais. Segundo ele, o governo federal já fez sua parte ao alterar as regras dos depósitos compulsórios. O depósito compulsório obriga que as instituições financeiras recolham junto ao Banco Central parte do dinheiro depositado pelos seus clientes. Com isso, os bancos ficam com menos dinheiro para emprestar e fazer outras operações. Nas últimas semanas, o governo alterou vários pontos dessa regra para liberar mais dinheiros às instituições financeiras. "Os bancos têm responsabilidade concreta pela falta de liquidez porque não há nenhuma razão para que parem nenhuma política de financiamento. Da parte do governo, nós estamos liberando compulsório para fazerem os empréstimos e financiamentos", disse Lula. No início do mês, Lula já havia dito que caso o dinheiro não voltasse a circular, seria tomado de volta pelo governo. "Acho que as empresas do comércio varejista têm de continuar vendendo, porque aprendi, mais uma vez, e falando em futebol, que a melhor defesa é o ataque. Neste momento o Brasil tem que ir para o ataque", afirmou Lula. Ele disse ainda que orientou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a conversar com os bancos para que liberem o crédito ao consumidor. A falta de dinheiro em circulação e a retração do crédito é o principal reflexo da crise financeira internacional no Brasil. Com bancos internacionais com problemas, cai a confiança para realização de empréstimos entre bancos e países, e quando eles ocorrem, ficam mais caros e com prazos mais apertados. Lula reclamou ainda do aumento do risco-país devido à crise. Segundo ele, os países que deveriam estar ameaçados são os que criaram a crise. Para o presidente, é fundamental que os países ricos resolvam o problema, uma vez que foi o sistema financeiro desses países que quebrou. "Estou convencido que parte dessa crise os ricos têm que resolver. Confesso que fico irritado quando vejo no jornal que o risco Brasil cresceu, quando na verdade deveria crescer era o risco da Inglaterra, da Alemanha e dos Estados Unidos porque foi lá que o sistema financeiro quebrou, foi lá que teve o problema. Como é que o risco Brasil aumenta e nos países que são o cerne da crise ninguém publica que houve aumento de risco?", disse.