domingo, 5 de outubro de 2008

Governadora Yeda Crusius ressalta que empréstimo do BID já deu ganho de R$ 170 milhões ao Estado pela alta do dólar

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), ao comentar a crise financeira mundial, que tem elevado a cotação do dólar, garantiu que não haverá perdas para o Rio Grande do Sul (RS) em razão da operação de crédito de US$ 1,1 bilhão do Banco Mundial (Bird), assinada em 1º de setembro. Conforme a governadora do Rio Grande do Sul, ocorre justamente o contrário: “Fortuitamente, o Estado já obteve um enorme ganho, de R$ 170 milhões, como resultado da diferença do câmbio no período compreendido entre a ultimação do contrato, com o dólar a R$ 1,60, e a assinatura e recebimento da primeira parcela, com a cotação a R$ 1,82”. Conforme a governadora, outro ganho para o Estado por conta deste cenário está na redução da dívida com a União. Com o recurso, o governo adiantou uma parcela que só seria paga em 2010: “Ou seja, a nossa dívida já diminuiu”. O financiamento do Bird destina-se à reestruturação da dívida pública do Estado. Com o crédito, o governo quita e abate contratos com a União pagando juros menores, o que possibilita uma vantagem financeira de cerca de R$ 600 milhões pelos próximos 30 anos. O contrato firmado pelo Rio Grande do Sul com o Bird é reconhecido pelo governo federal como modelo para todos os Estados brasileiros, por conter uma cláusula de seguro contra a instabilidade econômica mundial. “Se o mundo não for bem, nós trocamos dólar por real e nossa dívida com o banco passa a ser em real, e não baseada em um dólar flutuante, com seu valor comprometido pela instabilidade”, esclareceu Yeda Crusius. “O Rio Grande do Sul teve cautela e responsabilidade, e não temos o perigo de sermos atingidos por qualquer crise que venha a ser gerada em razão do dólar, porque fizemos um contrato em duas moedas”, completou ela. A governadora afirmou também que, apesar de a crise ser grave e exigir medidas rígidas por parte dos Estados Unidos, com regras que se baseiem em uma economia de mercado, seus efeitos no Brasil deverão ser menores: “Temos reservas e seguros suficientes para que seja mínima a repercussão no País. Ela haverá, não há dúvida, mas será menor em relação a quando não estávamos preparados. Temos a inflação sob controle e um sistema financeiro regulado, que impõe restrições à circulação do dinheiro”. Para Yeda Cruzius, economista pós-graduada pelas universidades de São Paulo (USP) e do Colorado (EUA), e mestre pela Universidade de Vanderbilt (EUA), trata-se de mais um momento passageiro de crise: “Hoje, vivemos um pânico pela crise, mas em breve ela vai se acalmar e o dólar irá para seu preço, que ninguém ainda sabe qual é, o que será fruto de uma acomodação mundial nas relações comerciais entre países. No pânico atual, o dólar subiu de cerca de R$ 1,60 para cerca de R$ 2,00 enquanto em 1999, quando eu presidia a Comissão de Finanças da Câmara Federal, o dólar chegou a aumentar de R$ 1,00 para R$ 4,00”.