sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Diretor do FMI diz que mundo está "à beira de recessão"

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, disse nesta quinta-feira, em Washington, que o mundo está entrando em uma "recessão global" e que o sistema financeiro internacional só deve começar a se recuperar da atual crise na segunda metade de 2009. "Nosso parecer é que o crescimento das economias avançadas será próximo de zero no ano que vem e de cerca de 3% na economia global", disse Strauss-Kahn: "Assim, estamos à beira de uma recessão global”. "Na primavera (no hemisfério norte, outono no Brasil), o FMI foi criticado por ser pessimista demais", acrescentou ele. "Infelizmente, fomos otimistas demais”. Strauss-Kahn também comentou o avanço da crise bancária na Europa e afirmou que os países da União Européia precisam adotar ações coordenadas em relação ao problema. Para o diretor-gerente do FMI, qualquer ação unilateral, como as que foram anunciadas nos últimos dias por vários países do bloco, "precisa ser evitada ou mesmo condenada". "Faço um apelo aos países europeus para que trabalhem juntos", acrescentou: "Não há solução doméstica para uma crise como esta”. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertou que existe o risco de a crise financeira piorar a situação dos países mais pobres, com um impacto negativo que pode nunca mais ser superado, especialmente pelas crianças dessas nações. "Não podemos deixar que uma crise financeira se transforme e uma crise humana", disse Zoellick: "Não se pode pedir aos mais pobres que paguem o preço mais alto”. "As crianças podem sofrer as conseqüências de longo prazo dos choques econômicos de curto prazo e nunca se recuperar totalmente. Estimamos que mais 44 milhões de pessoas vão sofrer de desnutrição neste ano como resultado da alta dos preços dos alimentos e, para as crianças, isso significa um potencial perdido que nunca será recuperado”, disse ele. As declarações de Strauss-Kahn e Zoellick foram feitas às vésperas do encontro anual do FMI e do Banco Mundial, que será realizado neste fim de semana na capital norte-americana.