segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cocaleiro trotskista Evo Morales rejeita proposta e expulsa Queiroz Galvão da Bolívia

Apesar de ter expulso da Bolívia a construtora brasileira Queiroz Galvão, o ministro boliviano de Obras Públicas, Oscar Coca, estará em Brasília no próximo dia 29 para pedir um financiamento de US$ 230 milhões para a construção de uma rodovia que ligará La Paz ao norte do País. Nesta semana, o presidente boliviano, o cocaleiro trotskista Evo Morales, rejeitou a demanda da empreiteira brasileira de um aumento de US$ 50 milhões no valor da construção de duas rodovias e negou-se a receber diretores da Queiroz Galvão para negociar um acordo definitivo de prestação de serviços. Executivos da empresa ameaçados de prisão se apressaram em deixar o país. Apesar dos pontapés dos bolivianos cocaleiros e trotskistas no Brasil, o governo Lula vai negociar o novo empréstimo do BNDES com o ministro Oscar Coca dentro de um programa de compensação pelo combate ao cultivo da folha da coca. O ministro boliviano terá encontros com os colegas brasileiros da Fazenda, Guido Mantega, e dos Transportes, Alfredo Nascimento. O presidente Morales também espera em La Paz, nos dias 3 e 4 de novembro, a missão chefiada pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho, que vai oferecer reduções nas tarifas de importação de produtos têxteis bolivianos. Essa generosidade tem como objetivo compensar as perdas que a Bolívia acumulará por ter abandonado o programa de combate ao cultivo da coca. A decisão de La Paz levou os Estados Unidos a retirar o país do seu programa de preferências tarifárias (ATPDE). Em menos de um mês, a Queiroz Galvão tornou-se a terceira companhia brasileira expulsa pelo governo de um país sul-americano beneficiado pela política externa do presidente Lula. Neste mês, a construtora Odebrecht e Furnas foram expulsas do Equador - o governo do presidente equatoriano Rafael Correa também ameaçou os investimentos da Petrobrás no país. Nesses episódios, os governos da Bolívia e do Equador fugiram das discussões em torno do direito comercial e adotaram discursos políticos fascistóides e populistas sobre a "soberania nacional”. O dilema da Queiroz Galvão na Bolívia começou em 2007, quando a empresa foi expulsa por Morales sob a alegação de que não havia obedecido às especificações do projeto de construção de duas rodovias no Sul do país. Na ocasião, também foi decretada a prisão de um dos diretores da companhia, que conseguiu escapar do país. Essas iniciativas foram embasadas na constatação da Administradora Boliviana de Rodovias de que havia rachaduras nas obras, ainda em andamento. A ABC também questionava o contrato de prestação de serviços, firmado em 2003, que previa o uso de cimento em vez de asfalto.