quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Polícia Federal prende o número 2 da sua hierarquia

A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira o diretor-executivo da instituição, delegado federal Romero Menezes, pela acusação de advocacia administrativa. Menezes ocupava o segundo cargo mais importante na hierarquia da Polícia Federal, abaixo apenas do diretor-geral, delegado federal Luiz Fernando Corrêa (um apadrinhado do deputado federal petista Paulo Pimenta, de Santa Maria). O próprio diretor geral deu voz de prisão a Menezes, por volta das 10 horas, em Brasília. No momento da prisão, Romero Menezes estava acompanhado do diretor de inteligência policial da Polícia Federal, delgado federal Daniel Lorenz. O lugar de Menezes será ocupado temporariamente por Roberto Troncon, diretor de combate ao crime organizado. A prisão é um desdobramento das investigações da operação Toque de Midas, realizada em julho deste ano contra fraudes em processo licitatório de concessão da estrada de ferro do Amapá, para o grupo do empresário Eike Batista. Nesta terça-feira, a Polícia Federal cumpriu mais dois mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão nos Estados do Amapá, Pará e no Distrito Federal. Segundo a Polícia Federal, as investigações identificaram indícios de crimes envolvendo um funcionário do grupo EBX, pertencente ao empresário Eike Batista, e Menezes. A Polícia Federal informou que os dois investigados ligados ao grupo buscavam facilidades junto à Polícia Federal para proveito das empresas, como fraude na inscrição para curso especial de supervisor de segurança portuária e credenciamento para instrutor de tiro sem análise dos requisitos legais. Os presos são suspeitos de praticar os crimes de advocacia administrativa, corrupção passiva privilegiada e tráfico de influência. O diretor de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Roberto Troncon, disse nesta terça-feira que a prisão do diretor-executivo da instituição, Romero Menezes, não era necessária, embora a instituição tenha cumprido a recomendação do Ministério Público. Troncon negou que a queda do "número dois" da Polícia Federal tenha qualquer relação com a disputa de poder existente entre a instituição e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Segundo Troncon, não existe "cisão ou disputa pelo poder" na atual administração da Polícia Federal. É aí que se pode acreditar, com toda certeza, de que há uma guerra em torno da Polícia Federal, envolvendo os delegados Paulo Lacerda (diretor geral da Abin, chefe da Polícia Federal no primeiro governo de Lula) e o atual diretor geral desta instituição, delegado federal Luiz Fernando Corrêa. O ministro da Justiça, o peremptório Tarso Genro, que também está no meio dessa briga, relatou nesta terça-feira ao presidente Lula a prisão do diretor-executivo Romero Menezes, por advocacia administrativa. Tarso Genro falou ao presidente sobre o “incômodo” dentro da corporação no momento da prisão. O procurador da República no Amapá, Douglas Santos Araújo, pediu a prisão do diretor-executivo da Polícia Federal para “evitar riscos no regular andamento do inquérito em que Menezes e outras pessoas são investigadas por envolvimento com o vazamento de informações da Operação Toque de Midas”. Corre em Brasília a informação de que o objetivo do grupo do delegado Paulo Lacerda é derrubar Luiz Fernando Correa do cargo. De toda forma, é briga de petista contra petista, e mostra o quanto o governo Lula não tem o controle de seu próprio governo. E o quanto o ministro da Justiça, Tarso Genro, não manda absolutamente nada, e só cria problema.