terça-feira, 16 de setembro de 2008

Forró dos grossos na área de cultura gaúcha

Uma grande confusão está montada na área de cultura gaúcha. Uma grossa falcatrua praticada com a liberação de créditos do ICMS como incentivo para a cultura envolve três secretários de Estado da Cultura: Roque Jacoby (DEM) e do músico Vitor Hugo Alves Silva(PMDB, assessor da bancada do partido na Assembléia Legislativa), além da atual, Monica Leal (PP). Entram no bolo também a presidente do Conselho Estadual de Cultura, a produtora cultural Mariângela Grando, e o coordenador do sistema da Lei de Incentivo à Cultura, Fábio Rosenfield. Este gravou conversa sua com Mariângela Grando, que foi parar nas mãos do repórter Giovani Grizotti, da Rádio Gaúcha, autor inicial das denúncias. Ou seja, a gravação indica que ninguém confia em ninguém na Secretaria da Cultura. Mas, o que poderia acontecer, em uma secretaria chefiada por uma secretária, Monica Leal, cuja atenção em toda sua vida pública esteve voltada apenas para a área de segurança pública? Tanto que, em algumas rodas, ela não é chamada de secretária, mas de “delegada da cultura”. Na conversa telefônica gravada, Mariângela Grando sugere que a “delegada” Monica Leal poderá sair do episódio em “cinzas”. Ou seja, insinua claramente que tem fortes denúncias acumuladas contra a secretária. A própria Mariângela Grando não poderia ter sido escolhida presidente do Conselho, que aprova os projetos de incentivo, pelo fato simples de que ele é uma produtora, que se utilizou desses incentivos. Aliás, pelas provas apresentadas até agora, aproveitou-se mal desses incentivos, quando trabalhava junto com seu ex-marido, o cineasta e produtor Henrique Freitas Lima (ele é filho de um procurador de Justiça do Estado). Nesse bolo é de se registrar também a imensa incompetência dos fiscais da Secretaria da Fazenda em controlar os incentivos que eram dados pela lei, pelo Conselho Estadual de Cultura e pela Secretaria de Cultura. Mariângela Grando, nas suas prestações de contas, mostrou para onde ia o dinheiro dos contribuintes gaúchos: em perfume francês e peras importadas, entre outras coisas. No mercado cultural gaúcho, fala-se muito que esses incentivos culturas com base no ICMS já renderam a compra de apartamento em Barcelona. Também tem bagunça em relações envolvidas na história, no caso a separação entre Mariângela Grando e Henrique de Freitas Lima. Ela cobra dinheiro dele, e não é pouco. Fica-se sabendo que a profissão de produtora cultural no Rio Grande do Sul pode ser muito rentável. Agora são esperados novos e emocionantes lances nesta guerrilha policial-cultural provinciana, com o envolvimento de grandes grupos empresariais e de uma famosa produtora cultural, tradicional tomadora de incentivos culturais. Não vão faltar emoções e suspense. A governadora Yeda Crusius (PSDB) mandou investigar essa falcatrua herdada por seu governo.