terça-feira, 2 de setembro de 2008

Ex-ministro Paulo Brossard diz que "Lula não pode continuar dizendo que não sabia das coisas"

Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, o jurista gaúcho Paulo Brossard afirmou nesta terça-feira que o presidente Lula não pode alegar que não sabia do grampo no telefone do ministro Gilmar Mendes. "Esse é um serviço do presidente, para o presidente. Se um de nós quiser um dado lá na Abin, não obtém. Há um sigilo absurdo. Acho que o presidente Lula não pode continuar dizendo que não sabia das coisas", afirmou Paulo Brossard em uma entrevista para a Folha de S. Paulo. Indagado sobre como recebeu a notícia do grampo, ele disse: “Com tristeza. Eu me senti, como cidadão, humilhado e envergonhado. Tenho visto muita coisa esdrúxula, pouco recomendável, censurável, e de vez em quando acontecem coisas que não são canônicas. Não tinha lembrança de coisa parecida, pelo menos no regime normal, constitucional. É provável que no tempo do período autoritário o SNI fizesse todas as diabruras. Afinal, era um regime anômalo. Meu telefone era historicamente censurado. Mas agora, depois que a Constituição estabelece a garantia da inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas, saber que o telefone do presidente do Supremo foi violado é espantoso. Se me contassem, não acreditaria”. Paulo Brossard faz previsões ainda piores: “Quem faz isso faz qualquer outra coisa. Se o telefone do presidente do mais alto tribunal da nação não é respeitado, o que será do homem comum? Ninguém pode ter certeza de que seus telefones não estão censurados. Hoje ninguém pode ter certeza de que não está sendo atraiçoado. E por quem? Por alguém que ocupa um alto cargo na administração da República, que é imediatamente subordinado à Presidência. É uma coisa inominável”.