quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Dólar ultrapassa R$ 1,80 com a saída de capitais estrangeiros

A fragilidade dos mercados internacionais empurrou o dólar acima de R$ 1,80 pela primeira vez desde janeiro, com a saída de recursos do País provocando nesta quinta-feira a nona alta consecutiva da moeda norte-americana. O dólar subiu mais 1,74% por cento, alcançando a cotação de R$ 1,816, o maior patamar alcançado desde o dia 23 de janeiro. Somente neste mês de setembro, a valorização acumulada pela moeda norte-americana já é de 11,27%. A disparada do dólar foi determinada logo no começo do dia, refletindo o medo dos investidores da ocorrência de uma nova quebra de grandes proporções no setor financeiro dos Estados Unidos. Depois do Bear Stearns, que afundou em março, o mercado está apreensivo com a saúde do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos de Wall Street. A incerteza provocou a fuga de investimentos mais arriscados, atingindo as bolsas e as moedas de países emergentes como o Brasil. "Teve uma saída grande nesta sessão", disse Sérgio Falcão, consultor da SLW Corretora. Com a falta de dólares no mercado, o Banco Central interrompeu os leilões de compra de moeda que eram promovidos diariamente desde 24 de março. Com os leilões, as reservas do País subiram para mais de 206 bilhões de dólares. Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, lembrou em relatório que a instabilidade do mercado está sendo usada também como oportunidade para alguns investidores ganharem com a alta do dólar. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros os estrangeiros já exibiam quase 3 bilhões de dólares em posições compradas em derivativos cambiais. Para ele, a alta do dólar tem vida curta porque os bancos, que ganham com a desvalorização do dólar por causa dos swaps reversos, tendem a pressionar o mercado para baixo assim que diminuir a demanda de moeda pelos estrangeiros.