quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Diretor da Abin confirma que ex-agente do SNI usava sala na Polícia Federal

Paulo Maurício, diretor do Departamento de Contra-Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), confirmou nesta quarta-feira, em depoimento na CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, que, durante a Operação Satiagraha, o agente aposentado Francisco Ambrósio, do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), dividiu uma sala na sede da Polícia Federal com agentes da Abin e o delegado Protógenes Queiroz, que comandava as investigações. Ele negou, no entanto, que o ex-agente tenha coordenado o pessoal da Abin na operação. Segundo Paulo Maurício, os servidores da Abin recebiam tarefas diretamente do delegado Protógenes e nem conheciam o ex-agente. Ele disse ainda que só tomaram conhecimento de que Ambrósio era do extinto SNI durante as conversas informais que tinham. O diretor da Abin revelou que 52 agentes do órgão trabalharam na Operação Satiagraha. “Nós demos um apoio. Não era operação nossa. Era uma operação pontual”, disse ele. Ora, com essa quantidade de agentes “cedidos”, é evidente que a Operação Satiagraha era muito mais uma operação da Abin e de seu diretor, Paulo Lacerda, do que da Polícia Federal. Paulo Maurício negou que a participação de servidores da Abin nas investigações tenha sido para fazer escutas: “Todos entraram na Polícia Federal pela porta da frente”. O diretor afirmou aos parlamentares que os servidores da Abin não têm como participar de operações da Polícia Federal sem o conhecimento dos superiores: “Na Abin nenhum departamento tem autonomia para desencadear um trabalho sem o conhecimento dos superiores. Os planos de operação são elaborados. Dentro da nossa estrutura temos controles rígidos, dificilmente um agente de campo teria condições de atuar por muito tempo isoladamente, sem ser detectado”.