domingo, 14 de setembro de 2008

Atraso de obra torna Brasil refém do gás boliviano até 2010

Atraso de obra torna Brasil refém do gás boliviano até 2010
O descasamento entre os investimentos em produção de gás e a ampliação de infra-estrutura de transportes vêm adiando importantes projetos do Plano de Antecipação da Oferta de Gás Natural (Plangás), lançado pela Petrobrás em 2006 para reduzir a dependência do gás da Bolívia. Os campos de Peroá, no Espírito Santo, e Mexilhão, em Santos, por exemplo, têm capacidade para colocar no mercado, em curto espaço de tempo, 23 milhões de metros cúbicos por dia. No entanto, o ritmo acelerado do aumento de produção não vem sendo acompanhado pelas obras de infra-estrutura de escoamento do gás. O volume de produção dos dois campos equivale a 75% das importações de gás da Bolívia, suficiente para minimizar os efeitos de qualquer interrupção no fornecimento pelo país vizinho, como a ocorrida na última quinta-feira, quando manifestantes fecharam uma válvula no Gasoduto Yacuíba-Rio Grande (Gasyrg), com capacidade para transportar 17 milhões de metros cúbicos por dia. Mas, dificuldades jurídicas, ambientais e aquecimento do mercado atrasam a chegada do gás nacional. No ritmo atual dos investimentos, o Brasil só reduzirá a dependência da Bolívia entre 2010 e 2011. Entre os casos de atraso em obras, o mais emblemático é o do Campo de Peroá. Em operação desde 2006, produz, em média, 7 milhões de metros cúbicos por dia, o que amplia a produção capixaba para a casa dos 8 milhões de metros cúbicos. Como o Espírito Santo consome apenas 2 milhões de metros cúbicos por dia, sobram 6 milhões para exportação a outros Estados. O problema é que as obras de ampliação da malha de dutos só foram inauguradas até o terminal de Cabiúnas, em Macaé, no norte do Rio de Janeiro. Lá, o gás capixaba tem importante papel na geração de energia térmica, garantindo combustível às usinas Norte Fluminense e Mário Lago, em Macaé. Mas não pode ser enviado aos principais mercados consumidores, como substituição ao gás boliviano, por falta de capacidade de transporte. O gasoduto Gasduc 3, que ligará Macaé ao Rio de Janeiro, só ficará pronto no fim de 2009.