domingo, 31 de agosto de 2008

Matéria da revista Veja afirma que Abin grampeou todos os telefones do gabinete do ministro Gilmar Mendes

Reportagem da revista "Veja" desta semana, que já está nas bancas, mostra que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, teve todos os telefones de seu gabinete grampeados por arapongas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Um conjunto de documentos e informações foi consultado pela reportagem da revista Veja e, entre eles, está um diálogo telefônico de pouco mais de dois minutos entre o ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), gravado no fim da tarde do último dia 15 de julho passado. A reportagem traz a íntegra da conversa. Não há relevância temática, mas prova a ilegalidade da espionagem. De acordo com a reportagem, um servidor da Abin passou as informações à revista, sob a condição de se manter no anonimato. Segundo seu relato, a escuta clandestina feita contra o ministro não é um ato isolado e sim uma rotina. O funcionário relatou que, neste ano, somente no seu setor, já passaram interceptações telefônicas de conversas do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e de mais dois ministros que despacham no Palácio do Planalto - Dilma Rousseff, da Casa Civil, e José Múcio, das Relações Institucionais. Há também telefones grampeados no Congresso, como do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB), e dos senadores Arthur Virgílio, Alvaro Dias e Tasso Jereissati, todos do PSDB, e também de Tião Viana (PT). Segundo a reportagem da revista Veja, Viana foi alvo recentemente e a interceptação teria o objetivo "de acompanhar como ele está articulando sua candidatura à presidência do Senado". Segundo a revista, as gravações são base para relatórios que tem como destino final o presidente Lula, no entanto, isso não significa que ele tenha conhecimento de que seus principais assessores estejam grampeados ou que dá aval para operação. A revista informa que há três semanas publicou reportagem informando que o presidente do Supremo era espionado pela agência. O diretor da Abin, Paulo Lacerda, foi ao Congresso e negou a possibilidade de seus arapongas estarem envolvidos em atividades clandestinas. Os registros a que a revista teve acesso mostram que o senador Demóstenes Torres ligou para o ministro Gilmar Mendes às 18h29 para tratar de um problema relacionado à CPI da Pedofilia. No momento, o presidente do STF não pôde atender, mas três minutos depois sua secretária retornou a ligação para o senador. O telefonema foi transferido para o celular do ministro. A conversa foi rápida. O presidente do Supremo agradeceu a Torres pelo pronunciamento no qual havia criticado o pedido de impeachment protocolado contra ele no Congresso. Na semana anterior, Mendes havia mandado soltar o banqueiro Daniel Dantas, o que provocou, além do pedido de impeachment, uma polêmica entre o Supremo, Polícia Federal e Ministério Público. Com isso, a Polícia Federal e a Abin decidiram "confirmar" que alguma coisa de errada estava se passando no gabinete do ministro e grampearam todos os telefones, segundo a revista. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) informou, por meio de nota, neste sábado, que vai investigar as denúncias veiculadas na revista Veja. Muito sério, a bandidagem investigando a si mesma. No comunicado, a Abin afirmou que será aberta uma sindicância na Corregedoria Geral da agência para investigar o envolvimento de seus servidores. Também será solicitado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República o acionamento da Procuradoria Geral da República e do Ministério da Justiça para que investiguem e esclareçam os fatos.