sábado, 9 de agosto de 2008

FIESP aponta perda de R$ 90 bilhões pelos exportadores com valorização do real

O diretor do Departamento de Comércio Exterior e Relações Internacionais da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, afirmou nesta sexta-feira que as empresas exportadoras devem registrar perdas de R$ 90 bilhões, por causa da valorização cambial. Ele comparou a média cambial do ano passado, de R$ 2,10, com a estimativa de 2008, que deve ficar na casa do R$ 1,60. De acordo com o diretor da Fiesp, além de uma possível retração da taxa de juros (para conter a inflação), o governo Lula deveria controlar as despesas e forçar um ajuste fiscal. "Se não houver um choque de gestão, teremos uma forte desaceleração na economia. Sem um ajuste fiscal, em menos de três anos perderemos o grau de investimento", afirmou ele. Fonseca também afirmou que estudo divulgado pela Fiesp mostrou que o Brasil está em primeiro lugar no ranking dos países que mais apresentaram valorização em sua moeda em comparação ao dólar. Enquanto a média mundial foi de quase 23%, a brasileira ficou em 46%, bem a frente de outros países do Bric. A média da China foi de 22% e da Rússia de 17%. Segundo Giannetti, a valorização cambial também foi a grande vilã pelo déficit de US$ 18,7 bilhões no saldo da balança comercial de produtos manufaturados e pelo aumento de US$ 30,2 bilhões nas importações, em apenas um ano. "Quem está segurando o saldo positivo total das exportações brasileiras é o agronegócio, com forte ajuda dos altos preços das commodities", afirmou ele. A FIESP defende a criação de mecanismos para reduzir os efeitos danosos da valorização do real. Entre as propostas da entidade está a criação do "ACC em reais" (Adiantamento de Contrato de Câmbio), que possibilitaria o financiamento das exportações com o uso da moeda nacional. Atualmente, as operações de ACC, que permitem que o empresário receba antecipadamente pelas mercadorias destinadas às exportações futuras, são realizadas em moeda estrangeira. A Fiesp propõe a substituição do financiamento externo pelo interno, o que, de acordo com Giannetti, eliminaria a entrada antecipada de dólares no País, e dessa forma seria eliminado uma fonte de sobrevalorização do real. O fato real é o seguinte: essa política cambial, populista, do jeito que está, se mantida, quebra rapidamente a economia nacional, e Lula deixaria uma herança maldita para seus sucessores, dificilmente recuperável.

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