quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Ex-investigador do DOPS paulista defende terrorismo de Estado em evento sobre punição da tortura

O delegado Carlos Alberto Augusto, da Polícia Civil de São Paulo, constrangeu nesta quinta-feira um grupo de procuradores da República que discutiam a punição para torturadores da ditadura militar no Brasil. Investigador do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) no período da ditadura militar, o delegado tomou a palavra para defender as Forças Armadas em meio ao debate sobre a criminalização da tortura cometida na ditadura. O debate "Crimes da Ditadura - Ainda é Jurídico Punir?" estava chegando ao final quando o delegado pediu a palavra. O momento era reservado para as pessoas formularem perguntas aos palestrantes, entre eles o sub-procurador-geral da República, Wagner Gonçalves, que minutos antes havia defendido a punição de torturadores. Carlos Augusto pegou o microfone e pediu que outro palestrante, Ivan Seixas (torturado no regime militar), o apresentasse. Ivan Seixas, constrangido, disse: "Esse é o Carlinhos Metralha, um dos torturadores do Dops e hoje delegado da Polícia Civil". O torturador da ditadura militar disse então: "As Forças Armadas já foram sucateadas. Agora vocês querem sucatear a moral das Forças Armadas. O Ivan Seixas tem o hábito de mentir. Eu trabalhei pela segurança do País”. Aí o terrorista de Estado disse que muitos desaparecidos daquele período não foram assassinados, mas estariam "escondidos". E outra vez defendeu os militares: "Eles não foram os culpados". Depende do que quer dizer “culpados”. Com certeza, mais de 90% dos efetivos das Forças Armadas não se envolveram com a tortura, não foram torturadores. O pai do editor de Videversus foi do Exército, e não foi torturador. Nem foi golpista, como o pai do senador petista Aloizio Mercadante. O que o torturador da ditadura militar, ainda hoje delegado da Polícia Civil de São Paulo, não consegue entender é que, para combater o terrorismo de “esquerda” o Estado não precisa se tornar terrorista, e nem tornar seus agentes em terroristas de Estado. A Itália combateu o terrorismo das Brigadas Vermelhas apenas com a força da lei. E venceu. O seminário em São Paulo foi organizado pela procuradora da República, Eugênia Augusta Fávero, e pelo procurador-regional da República, Marlon Alberto Weichert, que juntos entraram com uma ação civil pública pedindo a condenação por tortura dos ex-comandantes do Doi-Codi de São Paulo, coronéis Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel. O Doi-Codi foi o maior antro de terrorismo de Estado no Brasil durante a ditadura militar. O maior antro de tortura praticada por terroristas de Estado. O Doi-Codi funcionou na delegacia de Polícia da Rua Tutóia, no bairro paulistano de Vila Mariana. O local deveria ser tombado pelo governo de São Paulo e ali construído um memorial da infâmia do terrorismo de Estado no Brasil, como foi feito com a ESMA em Buenos Aires. No DOI-Codi foram mortos sob tortura o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho. Fazer a defesa da tortura e do terrorismo de Estado é ofender e degradas a história de mais de 90% dos militares brasileiros, que não tiveram nada a ver com esta prática infame.

Um comentário:

pabllo disse...

sou enteiramente afavor da prisão destes vermes e da lavagem da "identidade do pais",por meio da condenação destes canalhas.E esse torturador ainda diz que ajudo na segurança do pais?