quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Chefe da Abin reconhece que chefe-de-gabinete de Lula pediu informações da Operação Satiagraha

O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, confirmou em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, que o chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, procurou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) para pedir informações sobre a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Apesar de ter negado qualquer contato com Gilberto Carvalho, Lacerda disse que o chefe-de-gabinete procurou o secretário-executivo do GSI, João Roberto de Oliveira, para obter informações sobre a operação. Depois, conforme Lacerda, Oliveira contatou a Abin para conseguir dados sobre a Operação Satiagraha. Ainda segundo Paulo Lacerda, o secretário-executivo do GSI conversou com o diretor-adjunto da Abin para obter informações sobre Humberto Braz, cliente do advogado e ex-deputado federal petista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e braço-direito do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. O petista Greenhalgh telefonou para Gilberto Carvalho em busca de informações sobre a Operação Satiagraha, uma vez que foi um dos investigados na operação. Braz reclamou com Greenhalgh que suspeitava estar sendo seguido por agentes da Polícia Federal, por isso pediu que o ex-deputado conseguisse informações do governo. Na conversa entre o GSI e a Abin, houve a confirmação de que efetivamente Braz estava sendo alvo de um "acompanhamento" no âmbito das investigações da Operação Satiagraha. "Houve o contato de alguém com o secretário Gilberto Carvalho, que ligou para o GSI, e falou com o secretário-executivo do GSI. O general Oliveira liga para a Abin e falou com o diretor adjunto, meu substituto, José Milton Campana. Este ligou para o Rio de Janeiro e teve a informação de que, na verdade, era acompanhamento de alvo estrangeiro em situação irregular. Essa foi a informação, era uma história de cobertura", afirmou Paulo Lacerda. No depoimento, Lacerda negou nesta quarta-feira que tenha repassado pessoalmente informações a Gilberto Carvalho. Qualquer um que tem experiência sobre como andam as coisas no setor público pode afirmar: em hipótese alguma um chefe de gabinete deixa de ter contato direto com autoridades do porte de um chefe da Polícia Federal ou da Abin. Um chefe de gabinete é uma espécie de super-ministro. De qualquer forma, fica amplamente comprovada a intervenção de Luiz Eduardo Greenhalgh, enquanto petista, atuando em favor de seu cliente, junto a um governo petista. E, de lambuja, em um dos seus telefonemas grampeados, ele dá a “sugesta” para Gilberto Carvalho para que seja afastado o “descontrolado” delegado federal Protógenes Queiroz. Há muito tempo, desde antes do caso Celso Daniel, Luiz Eduardo Greenhalgh interfere em investigações para defender os interesses do PT.

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