quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sem ter área para fazer aterro sanitário, Sorocaba pensa em “exportar” seu lixo

O aterro sanitário que a prefeitura de Sorocaba, a 92 quilômetros de São Paulo, pretende instalar na divisa com Iperó, pode causar a contaminação de poços de abastecimento utilizados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), afirma parecer do Comitê de Bacias do Sorocaba-Médio Tietê. Caso a área, de cerca de 100 hectares, não possa ser utilizada, a prefeitura corre o risco de ser obrigada a mandar 400 toneladas diárias de lixo para outro município. O atual aterro sanitário está com a capacidade esgotada e terá de ser desativado até 2009. A cidade não dispõe de outras áreas em condições de abrigar o aterro. A prefeitura já apresentou o estudo de impacto ambiental à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O Eia-Rima está em análise no Departamento de Impacto Ambiental (Daia). O parecer contrário do Comitê de Bacias pode atrapalhar a aprovação. De acordo com o especialista em geomorfologia Fernando Junqueira Vilela, membro da câmara técnica de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Comitê, existe risco de impacto nos mananciais que abastecem também alguns poços particulares. Além disso, o aterro ficaria muito próximo dos bairros que compõem o distrito de George Oeterer, populosos e abastecidos através dos poços da Sabesp. A área escolhida pela prefeitura já tinha sido considerada inadequada também pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) porque aumentaria a presença de urubus nas imediações do aeroporto. O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se opôs à construção do aterro porque a área fica no entorno da Floresta Nacional de Ipanema. Uma das saídas seria depositar o lixo em um aterro sanitário particular que está em processo de licenciamento em Iperó. O Ibama considerou essa alternativa "menos impactante". A prefeitura espera a concessão da licença ambiental e garante que não haverá risco de contaminação dos lençóis freáticos. Como sempre ocorre em todos os municípios, a prefeitura local deixou para examinar o assunto na última hora. Aí, o negócio é o de sempre: o seu lixo será destinado para um aterro sanitário privado. E as campanhas eleitorais continuarão sendo pagas pelas empresas de lixo, que continuarão superfaturando os contratos com essas prefeituras. É o esquema mais manjado do País, mas ninguém se dedica a investigar esse gigantesco manancial de corrupção.

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