quinta-feira, 10 de julho de 2008

Reinaldo Azevedo mostra quem ajuda Daniel Dantas dentro e fora do governo Lula

O jornalista Reinaldo Azevedo, em seu blog no site da revista Veja, escreve um artigo exemplar. Leia a seguir: “Não foi só Diogo Mainardi que disse ‘Oba, oba, oba’, ontem, quando soube que Daniel Dantas e Naji Nahas tinham sido presos. Por motivos muito distintos, o subjornalismo que serve de esbirro ao petismo estava mais contente do que pinto no lixo. Os mascates e anões batiam palminha porque devem vassalagem a inimigos do banqueiro; outros tantos, por vassalagem mesmo ao PT ou a setores da legenda — já que a coisa por lá anda um tanto balcanizada, dividida, rachada, conflagrada. O mesmo se pode dizer, aliás, da Polícia Federal. Fiquem calmos. Vou explicar tudo direitinho.Petistas (sejam eles delegados da Polícia Federal ou seus assessores de imprensa na Internet) querem dar à prisão de Dantas um significado que ela não tem. Seria o final de um ciclo de ‘roubalheiras’ das privatizações tucanas. O banqueiro, segundo eles, encarnaria a impunidade do PSDB, agora eliminada pelos probos petistas — não tenham cólicas de rir antes de terminar de ler o texto. E também não comprem gato por lebre. Setores desse subjornalismo e do partido acham que, ao ‘pegar’ Dantas, pega-se o que eles chamam de ‘banqueiro do PSDB’. Do PSDB? E se eu demonstrar aqui que ele pode, mais apropriadamente, ser chamado de ‘banqueiro do PT’? Já chego lá. Mas por que o PSDB? Huuummm. Teremos de voltar a 2004. A Operação Satiagraha — esse nome ridículo, de ecos orientais, me fez lembrar de Luiz Gushiken... — teria nascido na Operação Chacal, em 2004, aquela que investigou se a Kroll havia espionado o governo a pedido de Dantas. À época, foi apreendido um HD do computador do banqueiro contendo um suposta lista de nomes de brasileiros que investiam no Opportunity Fund. Mas eles não podiam? Não! O fundo foi constituído em 1995, nas Ilhas Cayman, e registrado na CVM pelo Anexo 4, que permite somente investimentos de estrangeiros. Chegou a se especular que pelo menos 200 brasileiros estariam com os nomes arquivados no tal HD. Mas e daí? E o PSDB? Ah, bem... Vamos ver o que andavam botando para circular na praça duas figuras bem conhecidas de vocês. Vejam o que noticiava o Correio Braziliense de 17 de maio de 2002: ‘Segundo suspeitas do procurador da República Luiz Francisco de Souza, empresários que contribuíram para as campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso podem ser os titulares das cotas do Opportunity Fund. ‘O fundo é fruto do casamento dos tucanos (PSDB) com o PFL, que nasceu na privatização do setor elétrico’, afirmou ele a Paulo Henrique Amorim, do UOL News’. Luiz Francisco? Sim, aquele... Que tomou chá de sumiço quando Lula chegou ao poder. É por isso que havia tanta gente mandando recadinhos ontem. É por isso que os anões e mascates estavam tão excitados. Agora que vocês já sabem qual é a jogada, vamos a alguns fatos interessantes. Vamos ver como andou se comportando o ‘banqueiro tucano’ Daniel Dantas: 1- Dantas pagou R$ 8,5 milhões ao advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Cacai, amigo de José Dirceu. De fato, quem advogou para ele foi José Oliveira Lima, também chapa do ex-ministro, por R$ 1 milhão. O pagamento a Cacai foi, sei lá, uma espécie de deferência; 2- Dantas pagou, por meio da Brasil Telecom, R$ 1 milhão de reais a título de honorários advocatícios, a Roberto Teixeira. Sim, o Primeiro-Compadre, aquele da Varig; 3- Antes de a Gamecorp, de Lulinha, fechar o acordo milionário com a Telemar (atual Oi), Dantas pagava à empresa do filho do presidente e sua trupe R$ 100 mil mensais para que fornecessem conteúdo para o portal de internet da Brasil Telecom; 4- Dantas pôs em sua folha de pagamentos a agência Matisse, de propriedade de Paulo de Tarso Santos, petista histórico e marqueteiro das campanhas de Lula em 1989 e 1994. A Matisse foi contratada para ‘reposicionar’ a marca da Brasil Telecom. Mas o que fez mesmo foi ajudar a ‘reposicionar’ Dantas frente ao governo petista; 5- Dantas conseguiu emplacar no governo o ministro Mangabeira Unger, que contratara como consultor e trustee da Brasil Telecom, quando era controlada pelo Banco Opportunity. Mangabeira recebeu US$ 2 milhões; 6- Dantas contratou, sabe-se agora, Luiz Eduardo Greenhalgh, petista histórico. Não se conhecia a sua intimidade com esse ramo de negócios; 7 – Dantas contratou a agência de Marcos Valério, o notório operador do mensalão. Dantas fez negócio, portanto: a) com o filho do presidente; b) com o compadre do presidente; c) com o ministro do presidente; d) com os chapas do ex-ministro forte do presidente; e) com o publicitário do presidente. E tudo, como se vê, no governo do PT. Os esbirros do petismo estão batendo palminhas por quê? Refiro-me acima a pagamentos conhecidos. Mas também os remeto a trecho de uma reportagem de Marcio Aith, publicada na VEJA em 2006. Leiam com atenção: Uma dica: ele (Daniel Dantas) poderia revelar, por exemplo, quantos encontros teve com o ex-presidente do Banco Popular, Ivan Guimarães, e o que foi discutido em cada um deles. Já se sabia que Guimarães operou como uma espécie de genérico de Delúbio Soares durante a campanha presidencial de 2002. O que não se sabia, e Dantas certamente pode comprovar, é que Ivan continuou operando na clandestinidade em 2003 e em 2004, já no governo, achacando empresas e empresários. Ivan procurou Dantas em setembro de 2004. Queria falar sobre a investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra o Opportunity. Dias depois, a comissão julgaria um processo contra o banco, acusado de burlar regras do Banco Central ao admitir brasileiros num fundo de investimento das Ilhas Cayman. O Opportunity poderia ser inabilitado pela CVM, mas acabou recebendo uma pena leve. Esse Ivan é mesmo terrível. Outra dica: Dantas poderia contar às CPIs como Yon Moreira da Silva, ex-diretor de Negócios Corporativos da Brasil Telecom, lhe apresentou a idéia de comprar parte da Gamecorp, a empresa de Lulinha. Aliás, o próprio Yon pode colaborar com as investigações. Depois que as circunstâncias vergonhosas do caso Gamecorp foram denunciadas por VEJA, o ex-diretor da Brasil Telecom declarou que a Telemar fizera um bom negócio e pagara um preço justo para tornar-se sócia do filho do presidente. O que Yon não conta é que essa declaração lhe foi implorada pelo próprio Palácio do Planalto – mais especificamente pelo então ministro Jaques Wagner, que, falando em nome do presidente Lula, pediu a Dantas que o ajudasse a preservar o filho do presidente. Como se vê, o obscuro Dantas daria uma ótima contribuição ao País se saísse de uma vez das sombras. Coragem, Dantas! De volta à nossa campanha. Vejam só, caros leitores, eu posso escrever aqui o que os anões, mascates e ratazanas não podem: ‘Vai, Dantas, conta tudo. Mas tudo mesmo!’

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