terça-feira, 15 de julho de 2008

Polícia Federal diz que Daniel Dantas fez lobby dentro do Palácio Planalto por ''negócios ilícitos''

O grupo liderado pelo banqueiro Daniel Dantas buscou apoio no Palácio do Planalto "para negócios ilícitos", sustenta o relatório da Polícia Federal na Operação Satiagraha. Além de procurar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, apontado como lobista do grupo de Daniel Dantas, foi atrás do ex-ministro e ex-deputado José Dirceu para auxiliá-lo na tarefa. De Dilma, Greenhalgh queria o aval à fusão entre a Brasil Telecom e a Oi, uma operação que rendeu R$ 985 milhões ao banqueiro do Opportunity, e de Carvalho, a promessa de ajuda na busca por informações sigilosas que ajudassem Daniel Dantas. Dois telefonemas interceptados pela Polícia Federal revelam que o encontro entre José Dirceu e Luiz Eduardo Greenhalgh ocorreu em um hangar da TAM. A tarefa de Greenhalgh foi facilitada por uma integrante da Secretaria da Administração da Presidência. Trata-se da coordenadora de relações públicas do órgão, Evanise Maria da Costa Santos. Namorada de José Dirceu, ela ocupa uma sala no 2º andar do Palácio do Planalto. Evanise telefonou a Luiz Eduardo Greenhalgh às 13h23 de 9 de maio, duas semanas após a informação sobre a investigação contra o banqueiro ter sido vazada. "O seu amigo está chegando entre 4 e 5 horas", avisa Evanise. A Polícia Federal não tem dúvida de que se trata de José Dirceu. Evanise conta que o "amigo" ainda não lhe disse se o encontro com Greenhalgh será no "hangar ou no hotel". "Talvez no hangar fique até melhor porque dali você já vai", referindo-se à viagem de volta de Greenhalgh de Brasília para São Paulo. Em seguida, Evanise revela que está falando de dentro do Palácio do Planalto. "Esse é seu telefone?", pergunta Greenhalgh. "Não... esse é o PABX aqui do palácio”. Em seguida, ela passa ao advogado um número de celular, que, segundo a Polícia Federal, está cadastrado "em nome da Secretaria da Administração da Presidência da República". A certeza de que se tratava de um encontro com José Dirceu foi dada por telefonema recebido por Luiz Eduardo Greenhalgh, três horas depois. Uma pessoa que se identificou como "Willian, funcionário do senhor José Dirceu", liga e o ex-deputado Greenhalgh atende. Willian diz o motivo do telefonema: "É só pra dizer que o... ele está chegando agora às 16h30 no aeroporto”. Greenhalgh pergunta se o encontro vai ser no "hangar da TAM" e Willian confirma. Isso comprova que os petistas fazem negócios em tempo integral.

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