sábado, 12 de julho de 2008

Diretor-geral da Polícia Federal confirma que a instituição não participou da Operação Satiagraha

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correa, confidenciou ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que o comando da Polícia Federal, em Brasília, não coordenou a Operação Satiagraha, tendo sido posto à margem das investigações pelo delegado Protógenes Queiroz. Agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) colaboraram com a operação na condição de arapongas, isto é, sem autorização do juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal. As assessorias da Polícia Federal e da Abin confirmaram as duas informações. O encontro de Correa e Mendes aconteceu na quinta-feira, no Supremo Tribunal Federal, por volta das 18 horas. Antes, o presidente do Supremo também havia conversado com o ministro da Justiça, Tarso Genro, mas por telefone. Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, "a participação dos agentes da Abin foi irregular porque não houve pedido institucional entre os dois órgãos, não houve requisição da ajuda e do pessoal entre os diretores", disse Correa. "Além disso", lembrou, "a Abin compartilhou informações sigilosas que o juiz de São Paulo (De Sanctis) depositava legalmente apenas na Polícia Federal". Esse procedimento, avalia a direção da Polícia Federal, "pode contaminar o inquérito e ajudar os suspeitos na fase judicial". Para o diretor da Abin, Paulo Lacerda, "é de praxe", uma "rotina", a colaboração entre Abin e Polícia Federal. "Os órgãos de inteligência sempre fornecem seus profissionais. A Abin colaborou nessa e em outras operações da Polícia Federal", afirmou a assessoria da agência de inteligência. Lacerda queria fazer a operação quando ainda dirigia a Polícia Federal no ano passado, mas foi impedido pelo ministro Tarso Genro. Protógenes levou a tarefa adiante e contou, agora, com a colaboração de Lacerda. Essa é uma demonstração cabal da desinstitucionalização do Brasil. A Polícia Federal virou um campo de batalha, dividida entre os que a querem a serviço do PT, e os que a desejam a serviço do País. É uma instituição conflagrada, balcanizada, que não inspira mais confiança à sociedade.

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