terça-feira, 10 de junho de 2008

Vice-governador gaúcho Paulo Feijó reafirma suas iniciativas no caso da gravação

O vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó (DEM), convocou uma coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira e foi incisivo nas explicações a respeito de sua iniciativa de gravar a conversa que manteve no dia 26 de maio com o ex-chefe da Casa Civil, Cezar Busato, divulgada na última sexta-feira, e que já causou a queda de grande parte do governo de Yeda Crusius (PSDB). Disse Feijó, a respeito da visita de Busato ao Palacinho para a conversa: “É preciso esclarecer que não foi uma visita amistosa a que recebi do ex-secretário. Foi mais uma tentativa de me calar. Para quem ouviu a conversa, está muito claro o que está sendo posto. Este mesmo Senhor já tinha me feito outras propostas escusas antes, sempre tentando trocar cargos e poder por posturas partidárias, como se convicção se trocasse por conveniências pessoais”. Ele assegurou estar seguro quando a legalidade de sua iniciativa: “Não houve ilegalidade nenhuma na gravação. O material não está editado e nem modificado como poderá atestar a Polícia Federal que provavelmente já está periciando a gravação. Entendo perfeitamente o debate sobre se foi ou não ético a forma como isto veio a público. Eu o fiz para me proteger de mais uma tentativa de cooptação para que eu me calasse em relação à permanência do presidente do Banrisul. É importante que não se perca o foco do acontecido”. Paulo Afonso Feijó também fez questão de rememorar as variadas iniciativas que tomou para encaminhar suas denúncias até a governadora Yeda Crusius: “São conhecidas as diversas tentativas que fiz para tentar elucidar questões envolvendo a gestão Lemos no Banrisul. Protocolei para o governo, por duas vezes, material referente à presidência do banco. Nesta última vez, onde inclusive o TAC feito demonstra com clareza que foi detectada irregularidade flagrante nos contratos, perguntei ao governo quais as medidas que seriam tomadas em relação à auditoria técnica apresentada”. E Feijó finalizou: “No dia da visita derradeira de Busato eu aguardava respostas e o que recebi? O que ouvi? Está aí, público e notório, o que foi dito pelo secretário. Este Senhor inclusive fala na gravação: ‘E se o Fernando fizesse algum gesto concreto....’ Então, não restam dúvidas do motivo que trouxe o secretário aqui no dia 26. Era para me cooptar para dentro de um sistema que a sociedade de bem não aceita. Era para me acomodar com a situação, com a ‘crueldade da política’, para que eu ‘aguentasse o sofrimento caso não quisesse abrir mão das minhas convicções”. Feijó também atacou Busato, visivelmente incomodado com os ataques que recebeu do mesmo: “Na conversa fica revelada a verdadeira face de políticos como o Senhor Busato, que dizem uma coisa para a população, pregam um discurso para se elegerem e quanto têm o poder na mão, a chance de mudar alguma coisa, não o faz. E ainda justificam com uma frieza impressionante seus métodos. Àqueles que questionam o fato de eu ter gravado e revelado eu pergunto: de que forma este submundo seria posto às claras? De que outra forma? Se soubesse estar sendo gravado nada teria sido dito, Busato continuaria secretário e a sociedade continuaria sem nada saber. Não posso aceitar práticas mafiosas deste tipo em um governo do qual faço parte. Vejo que já foi feito um bem ao ter esta pessoa fora do governo”. Paulo Afonso Feijó também informou que já acionou seus advogados para processar Busato: “Em relação aos adjetivos que este Senhor usou para se referir à minha pessoas, meus advogados já estão estudando o caso. Ele responderá por isto”. E continuou Feijó: “É preciso, sim, coragem para tornar pública uma gravação sabendo que seria alvo de críticas. Como homem público, eu tenho o dever de tomar uma atitude. E porque estou sendo acusado por tantos pelo fato de ter gravado esta conversa? Deve ser pelo medo que os maus políticos têm de serem pegos, confessando o inconfessável, pois se tivessem a coragem de dizer publicamente, jamais se elegeriam”. Ele terminou dizendo que não é contra a governadora Yeda Crusius e seu governo: “Torço pelo sucesso do ajuste fiscal do governo. Reconheço todas as ações positivas que têm sido realizadas. Não tenho nenhum interesse em atingir ou derrubar a governadora. Meu interesse é que o nosso governo esteja com as mãos limpas, transparente, demonstrando repúdio a práticas como as expostas pelo ex-secretário Busato. Se algum outro político se sentiu prejudicado pela minha ação e quiser me processar, que o faça. E eu convoco neste momento os quase oito milhões de eleitores gaúchos como testemunhas de defesa, porque tenho certeza que todos querem a verdade e o fim da corrupção”.

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