sábado, 7 de junho de 2008

Vice-governador gaúcho gravou o chefe da Casa Civil em flagrante delito

A divulgação pelo vice-governador Paulo Feijó de uma conversa que durou 22 minutos e 10 segundos com o ex-chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, ampliou formidavelmente a visão dos gaúchos sobre a privatização da vida pública no Rio Grande do Sul, para atender os interesses de locupletação de grupos de famílias, as quais utilizam-se máquinas partidárias para alcançar seus objetivos. Nessa conversa gravada, divulgada na última sexta-feira, Busatto diz ao vice-governador Feijó que as autarquias Detran e Daer foram "fontes de financiamento" para todos os governadores. “Hoje é o Detran, no passado foi o Daer”, afirmou Busatto na gravação, citando em seguida o Banrisul. Ainda na sexta-feira, ao entardecer, Busato reagiu da forma mais desastrada possível, para tentar explicar o inexplicável, justificar o injustificável. Com um roteiro escrito nas mãos, dentro do Palácio Piratini, Busato começou a falar apresentando-se como vítima: “Por que ele quer o meu mal? Porque ele é um golpista que quer dar um golpe para ser governador a qualquer custo, fazendo tocaia e jogo sujo. A gravação não tem nada que possa me desonrar. Fui em missão de paz para evitar uma CPI do Banrisul. Me sinto vítima de uma armadilha safada e de uma atitude baixa. Ele não é um homem honrado e não está à altura da política gaúcha. Eu dei o exemplo de como a partilha política é feita e como um governador tem de fazer para poder viabilizar a sua maioria. Ou seja, ele tem de lotear a máquina pública. Cada cargo em comissão (CC) tem de pagar até 30% do que ganha para sustentar os grandes partidos. Eu abomino isso. Tenho de trabalhar dentro das regras do jogo”. A maneira como Busato tentou se defender, alegando que o “loteamento da máquina pública” serviria para financiar os partidos membros do governo com o recolhimento da contribuição dos CCs, não consegue enganar uma criança de quarta série do primeiro grau, com oito anos de idade. Só para dar um exemplo: o Banrisul tem previsão de apenas um CC (cargo em comissão) de livre nomeação para o presidente. O texto degravado do diálogo mantido por Busato com o vice-governador Paulo Afonso Feijó não deixa dúvida de que ele foi até o Palacinho da Avenida Cristóvão Colombo para uma conversa, para se dizer mais amenamente, nada republicana. Na verdade, a degravação obriga o Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal (pelos crimes eleitorais anunciados) a abrir investigação contra Busato. Já do Mistério Público Estadual nada se espera. No máximo, mais um habeas corpus.

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