domingo, 29 de junho de 2008

Juíza militar mantém prisão do sargento Laci Araujo e pede exame psiquátrico

A juíza Zilah Maria Petersen, do Conselho Permanente de Justiça do Exército, manteve na última sexta-feira a prisão do sargento Laci Marinho de Araújo, que responde a processo por deserção, e decidiu submetê-lo a uma perícia neuro-psiquiátrica nesta semana, com médicos civis do Hospital das Forças Armadas, em Brasília. "Continuo sendo judeu num campo de concentração", reagiu aos gritos o sargento Laci Araujo, ao deixar, algemado e escoltado, a sala da Auditoria Militar, no Superior Tribunal Militar, onde prestou depoimento. O sargento Laci Marinho de Araújo, que tornou pública sua relação homossexual com o ex-sargento Fernando Alcântara, que obteve baixa do Exército também na última sexta-feira, foi levado para a cadeia da Polícia do Exército, no Setor Militar Urbano. "É uma homofobia estatal", criticou seu companheiro, que acompanhou a audiência. Ambos acusam o Exército de estar perseguindo Laci Araújo pela sua condição de homossexual. Isto não é verdade, ele está sendo contestado por seu ativismo gay dentro das Forças Armadas. Segundo Fernando Alcântara, o desabafo de Laci Araújo ao deixar a audiência demonstrou que está "totalmente transtornado e sofrendo intensa tortura psíquica”. Na sua opinião, "o ideal teria sido que ele, no estado emocional em que se encontra, fosse direto para o hospital e não para uma cela, o pior lugar para quem tem transtorno de pânico". Os dois revelaram a relação em entrevista que foi capa da revista Época. O Exército prendeu Laci Araújo, logo em seguida, depois de uma outra entrevista dos dois a um programa de televisão na Rede TV. Laci Araújo voltou a ser preso na última semana. Em depoimento de duas horas na Auditoria Militar, Laci Araújo disse que o general Adelmar da Costa Machado Filho, em conversa com um subtenente chamado Reis, usou palavras chulas ao comentar seu relacionamento com o então sargento Fernando Alcântara, chamando ambos de "casal gay". Relatou, também, que o apartamento que divide com o companheiro, na Superquadra 3065 Norte, foi invadido por policiais do Exército na ausência dos dois, ocasião em que desapareceu um palm top. O Exército processa Araújo alegando que não retornou ao trabalho, no Hospital Geral do Exército, após sua licença médica de dois anos, por crises nervosas, ter vencido em abril último. O Exército rejeitou o atestado médico que apresentou para não retornar ao hospital, considerando-o apto para o trabalho. O julgamento no Superior Tribunal Militar por deserção ainda não tem data marcada.

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