quinta-feira, 26 de junho de 2008

Estrangeiros vêem com cautela a expansão do setor naval no Brasil

Maior construtor de navios do mundo atualmente, a Coréia do Sul mira a indústria naval brasileira e seu potencial de encomendas que as novas descobertas na área do petróleo vão demandar. Mas, com cautela, explica o diretor da Sy Marine do Brasil, Ronaldo Arouca. "Eles estão querendo entender qual o futuro dessa área naval, porque ninguém vai colocar dinheiro no Brasil se não tiver um projeto de longo prazo", disse Arouca, representante de companhias coreanas que estão presentes pela primeira vez na Navalshore 2008. Hyundai, Tank Tech, Panasia e Deyang prospectam oportunidades no País, mas sem pressa para decidir investimentos, segundo Arouca. "É um primeiro passo, por isso eles estão vindo, mas só a encomenda da Transpetro não é suficiente, é uma visão de 10 anos, praticamente, é pouco, a Coréia faz um navio a cada 15 dias", ressaltou o executivo. "Eles querem um plano mais concreto do governo brasileiro e das entidades no médio e longo prazo", concluiu. O representante comercial da norueguesa Aker Promar, José Guilherme Vieira, também é reticente quanto a confirmar informações de que o grupo estaria planejando uma expansão: "Ainda falta uma definição do grupo de se vale a pena expandir ou melhorar a área atual". O estaleiro Aker Promar, localizado em Niterói, estuda construir mais uma unidade em Quissamã, no Estado do Rio de Janeiro, ou se vai ampliar as instalações já existentes. Entre as dificuldades para um novo estaleiro, Vieira apontou a demora da licença ambiental e a dragagem de um rio, "que deveria ser feita pelas prefeituras de Campos e Quissamã e que ainda está para acontecer". Sem novos estaleiros ou expansão expressiva dos já existentes será difícil atender a tantas demandas que virão da Petrobras e outras petrolíferas, afirmou o secretário-geral do sindicato do setor, Sérgio Leal. "Principalmente quando começar a exploração da área pré-sal no País", uma faixa de 800 quilômetros que se estende na costa brasileira do Espírito Santo a Santa Catarina e que pode conter bilhões de barris de petróleo. "O Brasil virou um grande produtor e cada plataforma que for instalada vai demandar uns três navios de apoio", afirmou Leal. Ele garantiu que novos estaleiros serão realmente instalados e citou como exemplo o anúncio feito pelo governo do Maranhão, na semana passada, de que iria incentivar a instalação de um estaleiro naquele Estado, provavelmente como grupo Mauá/Eisa.

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