sexta-feira, 23 de maio de 2008

Repressor da ditadura militar é indiciado por seqüestro de freiras francesas na Argentina

A Justiça argentina indiciou e emitiu a prisão preventiva, nesta quinta-feira, de Ricardo Cavallo, ex-capitão da Marinha, conhecido como "Sérpico", pelo seqüestro e desaparecimento de duas freiras francesas na ditadura (1976/83). O ex-repressor, extraditado pela Espanha no final de março passado, também está sendo processado pelo sumiço de Azucena Villaflor, uma das fundadoras da organização humanitária Mães da Praça de Maio, e de pelo menos outros dez opositores. No seqüestro das freiras francesas Léonie Duquet e Alice Domon, também teve um papel fundamental o ex-capitão Alfredo Astiz, da Marinha de Guerra, mais conhecido como "o anjo loiro da morte". Astiz cumpre prisão preventiva na Argentina e foi condenado à revelia à prisão perpétua por um tribunal francês, em 1990, pelo desaparecimento e morte das duas religiosas. O juiz federal Sergio Torres ordenou ainda o embargo de 12 milhões de pesos (3,7 milhões de dólares) dos bens do ex-militar, que atuou na Escola de Mecânica da Armada (Esma), por onde passaram cerca de 5.000 prisioneiros, a maioria desaparecida. A Justiça acusa Cavallo dos crimes de assassinato, detenção ilegal, torturas, extorsão, roubos com violência e intimidação e falsificação de documentos, cometidos durante o regime militar. Léonie e Alice foram seqüestradas junto com outras pessoas, em 1977, na Igreja da Santa Cruz de Buenos Aires, quando participavam de reuniões do grupo fundador das Mães da Praça de Maio, que buscavam seus filhos desaparecidos. Os restos mortais de Duquet e de quatro mães da Praça de Maio foram jogados no mar de um avião, em um dos chamados "vôos da morte". Os corpos foram arrastados pela maré até uma praia e acabaram sendo enterrados como não identificados, em um cemitério da província de Buenos Aires (centro-leste). Somente em 2005 foram encontrados e identificados. O corpo de Alice Domon continua desaparecido.

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