quinta-feira, 29 de maio de 2008

Garotinho era espécie de chefe político de quadrilha de Álvaro Lins, diz o Ministério Público Federal

O Ministério Público Federal aponta o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB), como uma espécie de chefe político da quadrilha desmantelada na Operação Segurança Pública SA, nesta quinta-feira, e "imprescindível" para o funcionamento dela. O deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, foi preso em flagrante por lavagem de dinheiro. De acordo com a Polícia Federal, o esquema, composto por policiais, consistia em proteger empresários ligados a atividades como o jogo do bicho por meio de pagamento de propinas a delegados nomeados estrategicamente para as áreas onde os empresários atuavam. Os policiais envolvidos também prendiam os rivais dos grupos protegidos, segundo a Polícia Federal. O esquema funcionou por pelo menos seis anos dentro da estrutura da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. Embora não haja, para o Ministério Público Federal, nenhuma prova concreta de que Garotinho se beneficiasse diretamente do esquema, o ex-governador dava respaldo político e garantia a nomeação de delegados. Sem a participação do ex-governador, diz o Ministério Público Federal, o esquema não seria viável. "Para nomear delegados, precisavam do crivo de Garotinho. Mas não temos provas de que ele pedia ou recebia dinheiro, como temos em relação ao Álvaro Lins e ao Ricardo Hallack (também ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, com mandado de prisão expedido, mas foragido)", disse o procurador regional da República, Paulo Fernando Corrêa. Para o Ministério Público Federal, um dos indícios mais fortes de que Garotinho compactuava com a quadrilha foi o fato de ele ter nomeado, quando era governador, Álvaro Lins para a chefia da Polícia Civil, em 2000. O nome de Álvaro Lins já havia aparecido em investigações sobre o jogo do bicho: "Ele sabia quem era o Álvaro Lins, sabia que ele já constava na lista do jogo do bicho. Não é possível que a nomeação tenha saido do nada, que não houvesse na Polícia Civil quadros melhores e sem ligações com esquemas", disse o procurador regional da república Maurício da Rocha Ribeiro, também autor da denúncia.

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